Rio Grande do Norte, quarta-feira, 15 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 2 de janeiro de 2014

Pequena Retrospectiva da Evolução Homicida em 2013 (Parte 1)

postado por Ivenio Hermes

Propaganda, Credibilidade e Insegurança

Por Ivenio Hermes

(Publicado em parceria com Cezar Alves via Jornal De Fato/Retratos do Oeste)

O primeiro dia de janeiro de 2013 inaugurou o homicímetro com apenas duas mortes, e no decorrer do ano essa violência homicida continuou crescendo sem que nenhuma providência fosse tomada e a sociedade potiguar sofreu duros golpes, que ceifaram 1636 vidas de seus cidadãos contabilizadas até a noite de Natal. Esse caminho inseguro trilhado pelos moradores da terra de Poti tem sido facilitado pelo imenso desperdício de dinheiro público em publicidade e propaganda, em detrimento da proteção e de assegurar o direito à vida do povo potiguar.

Homicímetro em 31 de Janeiro de 2013: 129 mortes.

Logo em fevereiro, na Assembleia Legislativa do Estado, Rosalba Ciarlini anunciou um conforto financeiro e lançava otimistamente uma mudança em seu slogan de trabalho, porém 3 meses depois, sua máquina de propaganda informava que o Estado do RN estaria “quebrado”. Os cortes logo se sucederam e enquanto nenhum tostão dos 40 milhões destinados à publicidade eram mexidos, na PMRN os 7 milhões destinados ao órgão já estavam quase que completamente exauridos.

Evolucao_Homicida_RN_2011-2013

Gráfico 1

Enquanto isso, a PCRN recebia a notícia de que seus “sonhados” 7 milhões seriam cortados pela metade. Na verdade, o órgão somente teve promessas desse dinheiro, mas nunca realmente o recebeu e as reduções foram sendo confirmadas restando à polícia judiciária um valor 1,3 milhões de reais que nunca foram recepcionados.

Na primeira visita do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em março, para observar de perto a insegurança no RN, foi desencadeada uma operação de fachada que varria a sujeira para baixo do tapete, mas não impediu que a realidade fosse mostrada.

Em outra escorregada no planejamento financeiro para a segurança pública, o Estado não adimpliu com suas obrigações (que era a apresentação de um projeto de reformas e programação de gastos para reformas de delegacias) e precisou devolver 2 milhões de reais para o governo federal. Nesse ponto, o superávit de 417 milhões anunciado por Rosalba Ciarlini em fevereiro foi questionado pelo deputado estadual Kelps Lima, que solicitou a presença do Secretário de Finanças Obery Rodrigues que de forma prepotente não conseguiu dar explicações e até hoje se aguarda que esse fato seja esclarecido.

O homicímetro atingiu 540 mortes em 30 de abril.

Maio de 2013 foi o mês de novas promessas, e Governo do Estado anunciou a solução milagrosa oriunda do Programa Brasil Mais Seguro, lastreando a esperança de investimentos dignos em segurança nos cofres federais. Mas a Administração Ciarlini só estava interessada em fazer bonito com a verba federal, sem a menor responsabilidade com a segurança, tanto que somente visou à instalação de câmeras de monitoramento em Natal, pois essa parte não dependia de contrapartidas financeiras.

Evolucao_Homicida_RN_em_2005-2013

Gráfico 2

O arroubo promesseiro durou pouco porque logo após veio o trabalho das câmaras temáticas, que elaboraram os termos do acordo para a pactuação do programa, ainda no dia 5 de maio, Rosalba Ciarlini protelou a assinatura do pacto empurrando-o para 30 dias após o evento que se transformou num circo de pulgas, muita propaganda e pouco resultado. O pacto somente foi celebrado em 23 de agosto, mais de dois meses depois, devido a um oficio onde a Secretária Nacional de Segurança Pública anunciava que o acordo seria repassado para outro estado.

Alegando não ter dinheiro para investir em segurança pública, o governo do Estado dá um tiro no pé, ao ceder parte do terreno onde fica a sede da DEGEPOL para que seja construído um arquivo morto, num ato que paredizou as três categorias da PCRN.

O Estado do RN informou oficialmente 3 números de CVLI. Primeiro divulgou o número de 940 homicídios para o ano de 2012, esse dado foi adotado em diversas pesquisas e até hoje é mencionado pela imprensa, e que foi ultrapassado no dia 27 de julho, quando a SESED divulgou uma alteração no índice de 2012 elevando-o para 958, que foi mais uma vez ultrapassado em 30 de julho de 2013. Baseado nesses dados iniciais (ver gráfico 1), a evolução homicida foi muito mais sensível, pois obteremos 74,68% de crescimento em relação a 2012 e em relação a 2011, ou seja desde o advento da Administração Ciarlini, de 80,83%.

Se os dados forem extrapolados para uma visão dos últimos anos (ver gráfico 2), enquanto nos 4 anos da administração anterior houve um aumento de 16,64% no índice de violência homicida, na atual administração, em apenas 3 anos, já se consagra um aumento de 53,74%. Além disso, foram 3275 homicídios em 4 da administração anterior comparados a 3909 da administração atual, uma taxa de crescimento de 19,35% e ainda falta um ano para encerrar a Administração de Rosalba Ciarlini.

O homicímetro em 31 de agosto chegou a 1076 mortes.

Mas o pior mês ainda estava por vir…

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SOBRE O AUTOR:

Ivenio Hermes é Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves. Colaborador e Associado Pleno do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró. Integrante do Conselho Editorial e Colunista da Carta Potiguar. Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial.

Ivenio Hermes

Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró. Integrante do Conselho Editorial e Colunista da Carta Potiguar. Colaborador e Associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial. Facebook | Twitter | E-mail: falecom@iveniohermes.com | Mais textos deste autor

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