Rio Grande do Norte, quinta-feira, 02 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 3 de maio de 2015

O técnico mais sábio

postado por Rafael Morais
Foto: Adriano Abreu/Tribuna do Norte

Foto: Adriano Abreu/Tribuna do Norte

Existem diversas maneiras para buscar uma possível explicação para o título estadual conquistado pelo América no sábado passado, em pleno estádio Maria Lamas Farache, dentro da casa do maior rival. Eu tenho a minha.

“O técnico mais sábio é o que muda pouco e sabe o momento de mudar”. O conceito entre aspas foi recortado do Dicionário Tostão de Futebol, criado pelo jornalista Gílson Yoshioka para o livro “Trocando os pés pelas mãos”. É na verdade uma reflexão expressada pelo ex-jogador da Seleção de 70.

O cronista – o qual sou leitor assíduo – não concorda com as estratégias de técnicos inventores – como ele os intitulam – que trocam jogadores e o esquema tático a cada partida, de acordo com o time adversário. Para Tostão, não funciona. Para mim, também não.

Ao meu ver Josué Teixeira, influenciado pelas estratégias obscuras do treinador americano, que optou por esconder o jogo durante toda semana, vestiu sua bata branca de técnico inventor ao mudar a formação da sua equipe que conquistou o segundo turno do campeonato dando uma rasteira em todos que se puseram em sua frente. Assinou o atestado de uma derrota dolorida para seus torcedores.

Josué errou – e aqui não quero apagar os méritos do título invicto e irreparável do segundo turno – ao escalar o volante Rafael Miranda. Errou ao dissipar do seu conjunto a sua principal característica, que era de ser um time ofensivo, que jogava pra frente sem se preocupar com o desenho tático ou com o que o adversário iria apresentar.

Josué caiu na pilha de Roberto Fernandes e acabou levando um verdadeiro baile coletivo, como fez a França no Brasil nas Copas do Mundo de 1998 e 2006. Os jogadores do ABC ficaram apáticos, paralisados, sem saber o que fazer para reverter o resultado em favor do América.

Josué Teixeira há de concordar que Roberto Fernandes, apesar de prepotente, foi o campeão e o mais sábio.

Josué tem que assumir que, inegavelmente, a final do campeonato não foi o momento certo para mudar.

Rafael Morais

Comunicador Social pela UFRN. Experiência em assessoria de imprensa esportiva e atuação em televisão. Áreas de interesse: literatura e esportes em geral, com ênfase no futebol como a "teatrialização das relações humanas".

Comments are closed.

Esportes

A beleza do futebol

Esportes

O Campeoníssimo Aroldo Fedato