Rio Grande do Norte, sexta-feira, 10 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 11 de agosto de 2015

Carta aberta do segmento audiovisual do RN

Quero me solidarizar com o segmento audiovisual do RN, que publicou a seguinte carta aberta ontem:

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11800246_972549966129558_3522406575526104576_n“Nós, membros da diretoria da ABDeC/RN –  Associação Brasileira de Documentaristas e Curta-metragistas do RN e integrantes do segmento audiovisual do Rio Grande do Norte, articulados por meio do Fórum Audiovisual, Fórum de Festivais do RN e da Rede de Economia Criativa do Audiovisual, viemos a público demonstrar nossa preocupação com a continuidade das ações de fomento e apoio ao audiovisual por parte da Prefeitura do Natal, através da Fundação Capitania das Artes – Funcarte.

Previsto para ser realizado em agosto de 2015, o Festival Urbanocine, dedicado à exibição de filmes de realizadores do RN nas quatro zonas da capital potiguar, teve sua programação suspensa. O evento foi contemplado pelo edital Cine Natal 2014 e já foi adiado duas vezes devido ao atraso no repasse dos recursos financeiros definidos em edital no valor de R$ 75 mil, de responsabilidade da Prefeitura Municipal de Natal.

Leia aqui a carta pública escrita pela Comissão Organizadora do Urbanocine

Diante deste fato lamentável, nós que integramos a cena audiovisual local nos colocamos solidários ao Urbanocine, pois situações como essa inviabilizam um importante espaço de fruição de produção potiguar que viria a contribuir para o acesso das obras e formação de público para o cinema.

Além de apoiar a realização do Festival Urbanocine e o Festival Goiamum Audiovisual, o edital Cine Natal 2014 prevê ainda a viabilização de seis curtas-metragens no valor de R$ 50 mil cada, valor que conta com suplementação do Fundo Setorial do Audiovisual. Chegamos ao segundo semestre de 2015 e os recursos municipais para a produção dos curtas-metragens também ainda não foram liberados, embora o resultado tenha sido publicado no Diário Oficial do Município em 29/10/2014.

Reconhecendo a relevância do edital Cine Natal, demonstramos nossa preocupação em relação à dificuldade do repasse dos recursos no corrente ano, e reivindicamos a retomada do diálogo com o segmento a fim de garantir a manutenção do edital Cine Natal 2015, importante incentivo municipal para a promoção da produção local.

Luz, câmera, AUDIOVISUAL!

No primeiro semestre de 2015, o audiovisual potiguar ganhou força com a criação do Fórum dos Festivais de Cinema do Rio Grande do Norte, que tem como objetivo articular e fortalecer os diversos eventos dedicados à exibição no Estado. Além disso, produtores independentes têm se articulado em torno de coletivos audiovisuais, por exemplo, e procurado formas alternativas para viabilizar suas obras, como o crowdfunding ou o tradicional “cinema de guerrilha”.

É notável que nossa produção tem crescido em termos técnicos e estéticos, repercutindo em visibilidade a nível nacional e até mesmo internacional. Cabe relembrar que, pela primeira vez, temos uma produção potiguar – Sêo Inácio ou o Cinema do Imaginário, de Hélio Ronyvon – participando do Festival de Cinema de Gramado, um dos maiores do Brasil e da América Latina.

tres_vezes_maria_3Além disso, ressaltamos a atuação da Cinemateca Potiguar, inaugurada em outubro de 2014 que tem dentre seus objetivos a preservação do patrimônio audiovisual potiguar e o apoio a realizadores locais. Através dessa instituição, há a perspectiva de que, ainda em 2015, a cidade do Natal volte a receber equipamentos e cursos através da reativação do Núcleo de Produção Digital – NPD, que já foi responsável pela oferta de diversas capacitações com renomados profissionais do cinema nacional.

Diante desse cenário frutífero, reforçamos nossa preocupação com a possível descontinuidade das ações da Prefeitura do Natal voltadas ao fomento audiovisual potiguar, como o citado atraso do edital Cine Natal 2014, e demonstramos nossa necessidade em reabrir um canal de diálogo com a Fundação Capitania das Artes a fim garantir uma gestão mais democrática e eficiente.

Esperamos que o impasse seja resolvido o mais rápido possível, pois acreditamos que a Prefeitura do Natal não tem interesse de prejudicar iniciativas culturais, que trazem um grande valor agregado ao cenário artístico-cultural da cidade, não somente para a cultura, mas também para áreas transversais, como a educação, turismo sustentável, saúde, meio ambiente, a ciência, o desenvolvimento humano e geração de renda.

Por fim, aproveitamos para retomar nossa lista de reivindicações para o segundo semestre de 2015, algumas das quais se mantém iguais às expressas durante campanha “Eu Quero uma Politica Audiovisual para Natal” em abril de 2014, que angariou apoio da classe artística da cidade e mais de 345 assinaturas.

cinemaPropostas para uma POLÍTICA AUDIOVISUAL DO MUNICÍPIO DO NATAL:

  1. Retomada do Grupo de Trabalho de formulação de políticas para Audiovisual com participação do Núcleo de Audiovisual e Novas Mídias da FUNCARTE. Sugerimos que as reuniões sejam feitas mensalmente, a fim de garantir uma gestão técnica, democrática e eficiente, de acordo com os princípios da gestão pública.
  2. Contratação de mais dois profissionais para integrar o Núcleo de Audiovisual e Novas Mídias da Funcarte, núcleo que tem como objetivo o fomento de politicas publicas do audiovisual. Ressaltamos que o Núcleo deve ser ocupado com equipe técnica qualificada e que, atualmente, conta com apenas uma pessoa, a srta Bruna Hetzel.
  3. Manutenção no segundo semestre de 2015 do edital Cine Natal em sua terceira edição, com valores e adequados às necessidades da cadeia produtiva do audiovisual.
  4. Elaboração de portaria que regulamente a utilização dos equipamentos audiovisuais da FUNCARTE a serviço do setor;
  5. Definição de uma política pública que atinja a capacitação, a produção, a exibição, a distribuição, a pesquisa e a formação de novos públicos, incluindo o fortalecimento dos festivais, cineclubes e demais janelas de exibição.
  6. Preservação de patrimônio material e imaterial relacionado à história do audiovisual do município.”

Hanna Flávia Saito

Jornalista e filósofa. Tradutora e parecerista editorial. Casada com Sampa, arrebatada por Natal. Missão na Carta: entrevistas e artigos sobre literatura, cinema, música e vida cultural em geral. Não encontrou motivos convincentes para ter uma conta no Facebook.

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