Rio Grande do Norte, sexta-feira, 26 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 12 de março de 2012

Copa 2014 em Natal e o jornalismo imparcial da INTERTV Cabugi

postado por Daniel Menezes

A Copa de futebol 2014 em Natal vem sofrendo críticas:

da FIFA por atrasos;

contestações de movimentos sociais de nossa cidade pelas desapropriações indevidas;

questionamentos pelo investimento astronômico num estádio que virará um elefante branco;

denúncias de super exploração dos trabalhadores pela empresa que está construindo a arena (os funcionários alegam que estão trabalhando mais de 12 horas por dia sem o pagamento do excedente de trabalho, que já é irregular por si só);

e, para terminar de completar, a estrutura de mobilidade urbana e os demais apetrechos perigam – como a gente costuma dizer pelas nossas bandas – não ficar prontos até a copa.

Porém, ao ser entrevistado pelo repórter do RN TV Primeira edição, programa de notícias da InterTV Cabugi, o jornalista questiona Demétrio Torres, secretário para assuntos da copa do governo do estado, se ele acredita que as visitas dos representantes da fifa se tornarão mais frequentes.

Depois, meus caros, ainda afirmam que a @cartapotiguar não pratica jornalismo imparcial.

Diante de tal “imparcialidade”, manteremos sempre a nossa opinião clara, objetiva e sem subterfúgios.

ESPN-BRASIL

Entrevistado pelo canal ESPN Brasil, o mesmo secretário não teve a tradicional vida fácil de sempre. Acostumado com as indagações “levanta a bola na rede legal que eu corto bonito”, Demétrio não conseguiu explicar os atrasos nas obras, desapropriações indevidas e o uso posterior do “Arena das Dunas”, grande aspirante a elefante branco.

A não ser que alguém acredite que Aero Smith, Pink Floyd e Madonna venham mandar seus shows por aqui…

Um papodromo em versão ampliada. Com dinheiro público, claro.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

8 Responses

  1. Karl Leite disse:

    Parabens pelo texto. E a minha visão. Nunca acreditei nessa copa em Natal.

  2. Daniel Menezes disse:

    Opa, 

    fiz um pequeno desabafo, pois senti que o programa de Tv tentou e continua  a desafiar nossa inteligência.

  3. Andrea Linhares disse:

    Caro Daniel,

    Se é para tocar nna questão da parcialidade/imparcialidade entao vejamos: se essa copa fosse durante o regime militar ou durante o governo FHC as críticas se estenderiam ao altos escaloes do poder que promoveram “esse evento grandioso”, mas como tudo isso passou pela genialidade política do ex presidente Lula é melhor “deixar quieto” não é mesmo? ou então dirigir o processo de culpabilização aos escaloes estaduais, especialmente se eles forem da oposição.
    Sinceramete não consigo avaliar a avalanche de críticas se outro governo que não o do PT estivesse à frente da realização dessa copa no Brasil.
    Friamente pensando, essa ponderação não pode deixar de ser feita. A imparcialidade ganha uma dimensão bem maior sob essa perspectiva, vc concorda?

  4. Andrea Linhares disse:

    Apenas para complementar o óbvio, não questiono as críticas que são feitas à condução dos preparativos para o evento na capital e no Estado, apenas proponho o exercício de, conforme aprendemos tão bem, ir “à raiz das questões” , rs

  5. Gustavo Barbosa disse:

    Essa Copa tá deixando ainda mais evidente os fortíssimos laços políticos e patrimoniais existentes  entre os veículos de comunicação local e nossa classe política. Como costumam medir com a mesma régua que se medem, é natural que coloquem a Carta na vala comum do rabo-preso. Lamentável.

  6. Daniel Menezes disse:

    Concordo contigo, Andrea. Tanto que em um post anterior falei do modo como o governo do PT fechou os olhos para a questão. No plano estadual, também tentei abordar a maneira como Mineiro e Fátima, principais lideranças do PT, se isentaram do debate.
    Lembrei, inclusive, que em que pese alguns pronunciamentos de Mineiro, que não foram muitos (Fátima sequer falou algo a respeito), ele, quando líder do governo Iberê, referendou todo este projeto…
    Tentarei, na medida de minhas limitações, voltar ao tema, abordando a relação desses atores com a copa.
    PS. As vezes me chateia o modo criterioso como agentes da imprensa deixam de cobrir aquilo que é relevante. 
    PS.2. E aí esta “chateação” atenta contra a minha pessoa, pois ainda que esses mesmos agentes tenham intere$$es em jogo, a visão manipulatória-manipulada que é empregada para pensar a imprensa, que as vezes faço uso, tende a desconsiderar que há aspectos ideológicos por trás de tudo. 
    PS.3. Não se trata de mero intere$$e. Ainda que ele exista, ele é consubstanciado por uma visão de mundo positiva a respeito do tema. Os mapas culturais dessas pessoas realmente os levam a crer que a copa vai ser boa…
    PS.4. Sendo que também estou implicado nessa disputa no âmbito da imprensa. Daí minha tentativa, um pouco abusiva, de tentar ressaltar a manipulação da notícia, que existe… mas está alicerçada num lado “não-manipulado”, que diz respeito a esse pano de fundo ideológico que está por trás…
    PS.5. Prezada Andrea, não tem interesse em se tornar nossa colunista? Tema e periodicidade livres…

  7. Daniel Menezes disse:

    PS.6. Por achar a copa algo inquestionavelmente positivo, essas pessoas tendem a considerar os “efeitos” deletérios como meros desdobramentos colaterais. 

  8. Estudante disse:

    Parabéns a Andrea Linhares por seu comentário. De uma coisa a CP não pode reclamar: há comentaristas críticos. Ora, a CP tem a palavra “crítica” em sua proposta. Pois que a encare com naturalidade! Os autores da Carta Potiguar aprenderam a fazer crítica, mas alguns se renderam ao PT, é fato. Talvez seja preciso abandonar aquela interpretação no Brasil que entende a crítica como ataque pessoal. Ela deve ser entendida em relação às ideias. E assim os seus autores poderiam se ver livres (para fazer crítica, é claro!) daqueles velhos pares que assumem todo aquele discurso enfadonho de que o PT é a maravilha na terra, pois o “outro lado” seria o inferno. Nada mais do que nivelar por baixo, o que essa gente ensina. É um amansamento do juízo crítico, um embrutecimento. Deveria ser proibido aos cientistas sociais defender partidos políticos… é vergonhoso como alguns os defendem jogando a crítica no lixo.

    Espero que a Andrea aceite o convite!

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