Rio Grande do Norte, sexta-feira, 26 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 27 de outubro de 2012

O voto não é o fim, é o começo

postado por Fabio Farias

Esqueçamos as picuinhas políticas, ideológicas e partidárias por alguns minutos e façamos uma reflexão. Amanhã, Natal elege o sucessor da pior prefeita que a cidade já teve.

Um gestor que, quando assumir, terá a responsabilidade de sanear as contas do município, investir na cidade e fazer Natal andar, depois de quatro anos estagnada.

As opções disponíveis parecem não ter animado o eleitorado. A questão é que, querendo ou não, um deles terá a responsabilidade de assumir a prefeitura a partir do ano que vem.

E sim, você será representado por ele.

Neste cenário, o natalense tem três opções: escolher um dos dois que foram ao segundo turno, ou simplesmente anular o voto.

Sou um daqueles que acha uma opção válida a de simplesmente não escolher, mas faço uma ressalva: anular significa que para você tanto faz quem assuma o cargo.

Quem anulou o voto em 2008, ajudou – mesmo que indiretamente – a eleição de Micarla de Sousa. Caiu na ladainha que todos são iguais, diminuiu a margem que a pevista precisava para alcançar a maioria e o resultado… Bem, o resultado todos já vimos.

Vale lembrar que votar em fulano ou sicrano não significa concordar com todas as suas ideias.

Político é como um pacote. Quando você vota em alguém, você escolhe todo um background que inclui formas de governar e de pensar políticas públicas. Há coisas interessantes, há coisas que merecem ser descartadas.

Na maioria dos casos, é neste background que moram as diferenças entre os candidatos. Elas podem ser sutis, mas existem. Por isso que é preciso escolher o melhor, ou o menos pior. Sob o risco de, de fato,  opção mais desastrosa assumir.

Mas democracia não é apenas escolher no dia da eleição. Democracia é fiscalizar.

É preciso pentelhar, reclamar, cobrar do futuro gestor políticas que beneficiem a sociedade como um todo. Nossa democracia é muito mais direta do que fomos acostumados a pensar.

Todo cidadão tem direito a acionar o Ministério Público, caso desconfie (ou presencie) atos de corrupção. Todo cidadão pode acompanhar a Câmara Municipal, pressionar o prefeito e secretários para efetivar as mudanças necessárias para cidade.

Podemos em conjunto até criar leis.

A postura da passividade política é que mantém os eixos sempre nos mesmos lugares. Não é sentado, achando que todos são iguais e que nada nunca vai mudar, é que veremos ações  mais comprometidas com a sociedade.

Gosto de pensar a política como uma espécie de cabo de guerra onde a população precisa puxar o cabo para o seu lado com força, sob o risco de ela ser puxada para um abismo.

Se a sociedade civil não ocupar os espaços públicos, eles serão ocupados por pessoas com interesses mais mesquinhos.

Se o cidadão se abster de usar o seu potencial político, ou só usá-lo apenas no dia de eleição, ele abre mão do direito dele de influir, de modo direto, nas decisões da sua cidade.

Votar é apenas o começo de um processo democrático que tem de incluir a ação por parte do eleitor. O veneno é a passividade.

Por isso que digo, até mesmo para você que vai se abster amanhã, cuidado com a ladainha de que todos são iguais e vigie. Esta será sua contribuição mais importante para a sociedade e para a própria democracia.

Fabio Farias

Jornalista

3 Responses

  1. Jota Mombaça disse:

    Ypi-Opá

  2. vantiê disse:

    Então, agora, depender do recurso a instituições burocráticas, corporativistas e classistas (como são as instituições do Estado), é algo semelhante a ter o poder de intervenção direta sobre os rumos da vida pública (como propõe o projeto da democracia direta)? Ora, me economize!

  3. vantiê disse:

    Então, agora, depender do recurso a instituições
    burocráticas, corporativistas e classistas (como são as instituições do
    Estado), é algo semelhante a ter o poder de intervenção direta sobre os rumos
    da vida pública (como propõe o projeto da democracia direta)? Ora, me economize!

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