Rio Grande do Norte, sexta-feira, 26 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 24 de novembro de 2012

De Volta Aos Mestres

postado por Ivenio Hermes

É muito bom ser sempre um aprendiz

 

“Viver sem ser amado é como cortar as asas de um pássaro e tirar sua capacidade de voar.” A cabana

 

Por Ivenio Hermes

 

A arte de pensar

 

“Não é sua opinião e nem é a minha que está correta, são somente duas correntes de estudo em busca do bem comum, que juntas podem contribuir para grandes mudanças.” Henrique Baltazar

 

O pensamento humano se manifesta de diversas formas. Os artistas precisam pensar expressar suas emoções através da arte, os sábios através da palavra apresentada em seus discursos, pensamentos e textos. Os cientistas, os matemáticos, os físicos, precisam apresentar seu raciocínio através de intrincadas equações para que tudo saia exatamente como eles planejaram, assim com os engenheiros na execução de uma obra e os arquitetos através da modificação do espaço que transforma os ambientes interiores e exteriores.

Todos manifestam sua forma de pensar através de uma arte própria, inerente a atividade que desenvolvem.

A lógica de pensar está em um determinado padrão de raciocínio, que já é comum a cada ser humano. Se fazer entender, é comunicar essa lógica/arte através de argumentos que todos possam alcançar. Dependendo do público que está para ouvir ou ler, o texto deve se adaptar.

Para que todos sejam alcançados e membros de diferentes segmentos culturais possam transitar por um assunto com tranquilidade, aquele que desenvolve uma atividade precisa saber comunicar sua arte, e assim movimentar a engrenagem do pensamento comum.

É o raciocínio humano dentro da lógica arte de pensar.

Consultar os mestres

 

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a Sua justiça, e todas as coisas vos serão acrescentadas.” Jesus Cristo (Mateus 6:33)

 

Aquele que se dedica à escrita, ao discurso, ao argumento, precisa do fundamento angular, aquele tijolo específico do construtor que inicia toda a obra, ele se chama conhecimento.

Não é incomum um escritor se deparar, dentro de um assunto que ele domina, com questões que ele precisa de mais informações. É nesse momento que a humildade deve predominar sobre todo o conhecimento do autor, é quando ele deve largar tudo e buscar os mestres.

Cada autor encontrou autores nos quais ele formou sua “tese” de vida ou sua “visão” de mundo. Nesse campo de pesquisa, sempre fui muito ousado, meus mestres possuem origens diferentes, crenças diversas, uns são ateus, contudo todos contribuíram para a formação daquilo que sou.

Esses mestres foram citados em diversos textos que já escrevi. Lembro agora de William Shakespeare, Émile Durkheim, Friedrich Wilhelm Nietzsche, Thomas Hobbes, Mahatma Gandhi, Charles de Montesquieu, Michel Foucault… Enfim… Infelizmente a ferida da mortalidade atinge a todos, mas o legado deles permaneceu.

Um dos meus mestres mortos não está mais morto. Eu acredito nisso. Ele venceu a morte, ressuscitou após as atrocidades que fizeram com Ele, não escreveu muitas coisas além de palavras no chão. Contudo, ele é o autor do pensamento que abre este tópico, o grande Mestre Jesus Cristo. Muitos não acreditam nEle, mas inegavelmente sua passagem por esse planeta dividiu a história humana em duas partes, antes e depois dele.

Foi aprendendo a consulta-lo diariamente, que todas as vezes que não sei de algo, não hesito em consultar os mestres.

Presença dos mestres

 

“Mastigue a fruta devagar, deixe o sabor chegar lentamente em sua mente. Enquanto mastiga, medite no que vai falar, articule seu pensamento. É assim que você reaprenderá controle interior.” Aloísio Lovisi

 

Existem pessoas na minha vida, cuja conduta e dignidade são tão inspiradoras, que as tornam verdadeiros mestres em minha vida. Não são poucas, mas se perceberem eu chamar alguém de mestre, preste atenção, a pessoa têm um significado especial.

Durante essa semana tive a oportunidade de fazer uma visita pessoal a um desses meus mestres modernos, o juiz de Execuções Penais Henrique Baltazar, a quem pertence o pensamento que abre o tópico inicial desse texto. Quando citou o pensamento em meio a tantas coisas interessantes que ele falou, disparei registrando e antes de terminar a visita, não perdi tempo em conseguir uma foto com ele. O Dr. Baltazar já foi consultor de um dos meus artigos e dispensa qualquer comentário adicional.

Um mestre a quem há muito tempo eu não vejo, cuja falta e saudade que sinto se assemelha aquela que um filho sente de um pai, se chama Aloísio Lovisi. Durante um período de grande tribulação na minha vida, o Dr. Lovisi me estendeu a mão e sua voz mansa e calma, típica de um sábio, me reconduziu ao equilíbrio interior.

Cada momento que estive com ele valeu ouro. Ele tinha as respostas e sabia fazer as perguntas, sabia frear meu descontrole ao falar. Reeducou-me ao simples hábito de comer certo. Aprendi tomar conta da minha mente, e foi graças a ele que voltei definitivamente a escrever. Esse mestre representa minha reconstrução como um templário do conhecimento que guardo dentro de mim, e está sempre pronto para ser repassado da forma como recebi, gratuitamente.

Lovisi é um erudito contemporâneo, filósofo e grande pensador. Possuidor de abordagens diferenciadas a problemas tão comuns do cotidiano da mesma forma como aborda os mais complexos e difíceis de resolver.

A sabedoria que essas pessoas me passam eu não aprendo na universidade, é por isso, que gostaria sempre de estar na presença dos mestres.

Dedicação Final

 

“Não são com as verdades que falo com que me preocupo, minha preocupação é se estou sendo oportuno e se as mentes estão preparadas para entender.” Esha Nehir

 

Escrever não é fácil. Escrever apenas no que se acredita muito menos. Mas foi essa proposta que me auto impus, influenciado pelos mestres, evidentemente. Não quero glórias e nem fama, não é essa a minha busca.

Pude estar com várias pessoas durante a semana, autoridades do Estado, pessoas influentes, pessoas cujo nome sempre evoca certos comentários pela posição que elas ocupam.

Mas foi reencontrando Jarbas Targino, um lutador, que houve um momento em que enxerguei aquilo o que sou, apenas um homem comum. Jarbas e eu estávamos ambos de mochila nas costas, calças jeans, camisas comuns e tênis all star. Prontos para um dia de batalha.

Homens comuns. Ele percebeu durante nossas conversas que o que ele passa hoje, os sofrimentos e as angústias dele, as longas caminhadas, eu também já passei. Por isso nos entendemos.

A todos os mestres, a todos os alunos humildes, a todos os homens e mulheres de carne e osso, que sentem a dor da fome, a angústia do desemprego, a incerteza do futuro e a insegurança da vida, dedico hoje tudo que já escrevi e tudo que ainda escreverei, pois meu compromisso continua sendo o mesmo, escrever naquilo que acredito até não poder escrever mais.

E celebro essa dedicação com esse texto e lançando o quinto álbum de mensagens de Esha Nehir, que está disponível pelo link < http://migre.me/c2Fmz >

E tenham certeza, nessa vida, é muito bom ser sempre um aprendiz.

 

Ivenio Hermes

Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró. Integrante do Conselho Editorial e Colunista da Carta Potiguar. Colaborador e Associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial. Facebook | Twitter | E-mail: falecom@iveniohermes.com | Mais textos deste autor

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