Rio Grande do Norte, sexta-feira, 26 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 29 de maio de 2015

Será que as mulheres são realmente frágeis?

postado por Paulo Emílio

Sempre é assim. Toda vez que escutamos uma história que envolva mulher, sempre terá algum homem para dizer: “isso é frescura”, “chilique de mulher”, “tpm braba”. Confesso que eu já cheguei a pensar assim. Quer dizer, sem hipocrisia, né? Sou homem e é óbvio que já fiz isso (e posso fazer de novo inconscientemente). Essa questão de “fragilidade feminina” é algo meio estranho se observamos alguns comportamentos de nós homens e héteros (os homossexuais deixarei para depois) temos.

O primeiro comportamento vem na questão de amizade. Quem nunca ouviu aquele ditado “amigo de mulher é cabeleireiro”? Eu já e não foi poucas vezes. Aliás, isso foi dito tanto para mim que os (poucos) amigos nem falam mais – não vai adiantar mesmo, são poucos amigos que confio e são várias amigas que confio. A questão aqui vai naquela terrível e assustadora palavra que gira o universo masculino: friendzone. Todo homem já ouviu de uma mulher “só te vejo como amigo”. Isso é doloroso, eu sei. Ninguém gosta de ser rejeitado. No entanto, quando uma mulher recebe um friendzone de um homem, ela leva isso naturalmente e continua tratando-o normalmente. Já o homem… se dói inteiro. Parece que o mundo acabou. Fica puto com a mulher, começa a dar indireta de que ele é um cara legal e ela a malvada que preferiu escolher o outro homem que é o “pegador”. Por fim, para de falar com ela.

Bem, esquecemos o friendzone e vamos à conquista. Quando uma mulher gosta de um homem, ela faz de tudo para ter ele. Ele pode ser feio que só, “cafuçu” (não, não vou entrar no assunto de padrões de beleza, vocês já sabem disso), mas a mulher pouco importa com isso. Quando ela quer, ela quer e pronto! Por outro lado, e o homem? Pode ser a mulher mais legal e simpática do mundo, mas ele vai se preocupar primeiramente (unicamente?) com a beleza dela. E depois falam que a mulher é interesseira. Francamente.

Na fase da “ficada”, podem perceber, quando a mulher quer algo sério, o homem já fica assustado e pula fora. Quando ele é sincero (bem raro) e fala para ela que ele só quer ficar, ela, mesmo sabendo disso, continua ficando e tentando conquistá-lo aos poucos. E se acontece o contrário? Chutem o que acontece? Mais drama. Ele fica logo irritado, não aceita e para de ficar com a menina.

Agora vem a parte do relacionamento. Quando brigam, quem é que engole o orgulho e liga para conversar? Quase sempre é a mulher, mesmo que ela esteja certa. E se for chifre? Xiii, pior que friendzone. Haja drama e choradeira, quase uma música sertaneja (até rimou). Já a mulher está lá, disposta a (mais uma vez) engolir o orgulho e perdoar.

Diante disso tudo pergunto para todos e todas: será que as mulheres são realmente frágeis? São sim. Só que a única diferença entre os homens é que elas não usam isso como argumento para diminuí-los.

Ps: Em relação aos homens homossexuais, os héteros adoram chamá-los de “mulherzinhas”, mas duvido muito que esses mesmos homens (que se dizem “machos”) aguentariam viver um único dia de preconceito. Esse conceito de fragilidade precisa ser revisto.

Paulo Emílio

Pedagogo que tem um diploma de Geografia, adora Nutrição, admira a Sociologia, tem uma queda pelas questões ambientais e, nas horas vagas, gosta de jogar enquanto com um caldinho de feijão verde (sem manteiga, por favor)

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