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Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 6 de junho de 2015

Por que devemos repensar a nossa sexualidade?

postado por Carta Potiguar

Por Deva Sangito

Estamos vivendo entre jovens viciados em pornografia, mães solteiras aos 14 anos, casais que não conseguem manter uma relação por muito tempo, homens e mulheres com todas as disfunções sexuais que se pode imaginar: dispareunia, anorgasmia, disfunção erétil, ejaculação precoce. Vivemos na era da informação e, ainda assim, as pessoas continuam cegamente ignorantes a respeito de sexo, de sua sexualidade, de todo o potencial terapêutico que a energia sexual tem.

Wilhelm Reich – psicanalista sucessor e desertor de Freud – em seu livro “A Função do Orgasmo”, da década de 1940, já sinalizava que muitas das neuroses humanas eram oriundas da repressão da sexualidade e da desconexão do ser humano com o seu corpo, principalmente com o seu sexo. Educação repressora, desinformação, criação e distorção de todo um moral em torno da sexualidade eram apontados por ele como fatores – ou recursos, se utilizados com foco no resultado por um governo, por exemplo – geradores de várias problemáticas sociais. A ausência do prazer ou a falta de sua percepção, pouco a pouco, seguia levando o ser humano à loucura.

E o angustiante é que, de lá pra cá, muito pouco ou nada tem sido feito para mudar esse quadro. Continuamos não ensinando nossos adolescentes o que acontece com seus corpos; toda a educação sexual realizada é composta exclusivamente de um discurso quase fundamentalista de todas as doenças, males, pragas e perebas que uma pessoa pode contrair se fizer sexo sem camisinha. Ponto. Impressionante como ainda não aprendemos que, ao dizer para um jovem que algo é perigoso, apenas aumentamos o sabor da coisa.

O mercado das pseudo-soluções

O orgasmo que experimentamos é fraco e ínfimo. Não descobrimos ainda como utilizar todas as terminações nervosas, todos os sentidos do corpo para canalizar a energia para o orgasmo. Quando isso acontece, os efeitos são terapêuticos e até transformadores; um orgasmo intensificado é o melhor regulador hormonal que existe. Hormônios são humores, estados de espírito. Procure a bula do antidepressivo que alguém na sua família toma e você vai encontrar algum hormônio por lá. Oxitocina, serotonina, endorfina, todos esses são produzidos em larga escala quando desenvolvemos a nossa capacidade de acumular energia orgástica. Mas quando você ouviu alguém falar nisso?

Nunca, pois isso não dá lucro para a indústria farmacêutica. É muito mais interessante que as pessoas tomem remédios por toda suas vidas. Pelo mesmo motivo que existem pouquíssimas pesquisas científicas sobre o assunto. Masters e Johnson, pesquisadores americanos da década de 60 ainda são as maiores referências da literatura técnica sobre o assunto. 55 anos e praticamente nenhum avanço. A hipocrisia e a manipulação são tantas que a maior descoberta científica sobre a nossa sexualidade dos últimos anos foi a criação do Viagra. Alguém falou em indústria farmacêutica?

O Tantra

E na contramão de todos esses absurdos, existe uma filosofia comportamental que busca trazer uma melhor compreensão da nossa energia sexual, sua abrangência e potencialidade. É o Tantra. Muito mais do que um postulado sobre sexo, o Tantra é uma reeducação corporal, uma descoberta dos sentidos de maneira a trazer mais autonomia para o ser humano. O Tantra ensina que a energia sexual é uma fonte criadora de vida – ele coloca morte e sexo nas duas pontas da mesma linha do tempo.

Será que a humanidade não precisa de uma forcinha já desde a sua origem? Será que a relação sexual que concebe uma vida não tem a menor influência na formação dessa nova pessoa que vem ao mundo? Uma rapidinha no banco de trás de um carro – com uma pessoa de quem mal se lembra o nome dado o grau etílico do sangue – e uma relação sexual que dura horas entre duas pessoas que se amam e têm intimidade estão em pé de igualdade quando o assunto é gerar uma vida?

Os ensinamentos tântricos falam do corpo, da mente e da sexualidade da maneira mais simples e natural possível. Não há tabus, não há repressão, não há verdades absolutas, apenas a experiência. Mas não se confunda; não há libertinagem. O Tantra valoriza a intimidade, a sintonia e o amor, não a sacanagem. Sem falsos moralismos aqui – Nada contra uma boa sacanagem – mas se a proposta é mudarmos a nossa realidade frente à sexualidade humana, mais do mesmo não vai ajudar em nada. A libertação sexual da contracultura dos anos 60 e 70 não adiantou nada, justamente por não ter um propósito, uma sustentação. As pessoas se viram livres para transar à vontade, mas como os orgasmos continuavam insatisfatórios, minutos depois após a relação todos se encontravam facilmente presos à compulsão sexual. Não houve um aprendizado, uma transformação.

Hoje em dia existem profissionais qualificados que utilizam técnicas tântricas – corporais, de meditação, de respiração, entre outras – sistematizadas em um método terapêutico. São os chamados terapeutas tântricos. Conversar com um desses profissionais pode te ajudar muito a mudar alguns paradigmas em relação à sua sexualidade. O tratamento por terapia tântrica tem se mostrado muito eficaz não apenas no tratamento de disfunções sexuais mas também em casos de depressão, crises de estresse e outras patologias. Sem remédios, sem contraindicações e, infelizmente, ainda sem respaldo científico, como tantas outras terapias complementares naturais. Alguém falou em indústria farmacêutica?

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* Deva Sangito é terapeuta do Centro Metamorfose e atende diariamente com terapia e massagem tântrica em Natal, seja em vivências em grupo, workshops, terapia para casais ou massagem

Carta Potiguar

Conselho Editorial

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