Rio Grande do Norte, sexta-feira, 26 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 29 de junho de 2015

UFC: Sogra pede para que Lyoto Machida pare de lutar MMA

Fonte: Jornal O Dia

 

machida_x_romero048A contundente derrota de Lyoto Machida, neste sábado, para o cubano Yoel Romero pelo UFC Hollywood gerou pedidos de aposentadoria para o “The Dragon”. Além de alguns fãs nas redes sociais, a sogra do lutador se pronunciou em sua conta no Facebook. Segundo, Ray do Vale, mãe da esposa de Lyoto, Fabyola, o ex-campeão dos pesos meio-pesados do Ultimate deve deixar o esporte por não combinar “com esse mundo selvagem e sangrento”. Segundo ela, o lutador deve aproveitar a vida.

Lyoto Machida, de 37 anos, foi derrotado por Romero por nocaute técnico no terceiro round da luta principal do Card do UFC Hollywood, disputado no último sábado. Foi a segunda derrota consecutiva do brasileiro, que antes foi derrotado por Luke Rockhold. O card de Lyoto Machida no MMA é de 29 lutas, 22 vitórias e 7 derrotas.

Confira o texto publicado por Ray [sogra de Lyoto] na íntegra:

“PARE AGORA, LYOTO! VÁ VIVER…

img_24202Lyoto é uma alma nobre, espiritual e sensível. Nunca entendi sua entrada nesse mundo selvagem, de pessoas e valores tão diferentes dos que ele sempre cultivou. Assim mesmo sempre o apoiei, sem julgamentos ou avaliações. Detesto a luta, mas amo o lutador. A admiração e a confiança que tenho na sua integridade e na sua nobreza foram a senha para que respeitasse o caminho que escolheu. Ele saberia a hora de parar. Tomara que seja logo!

Lyoto já viveu o seu sonho de criança, quando acordava de madrugada, driblando a vigilância da família pacífica e bem formada, para assistir os “telecatch” da vida, sonhando ser um daqueles monstrengos que, naquela época, apenas fingiam bater, em cenas de pseudoviolência, quase pastelão. E quando cresceu, como é da sua índole, correu atrás do desejo da sua criança.

Mas… me permito dizer agora: definitivamente, Lyoto não combina com esse mundo selvagem e sangrento, que não finge ferir, fere! Ok. Ele já viveu a experiência que desejou viver. Se o universo dos chutes e socos letais sempre foi selvagem, cada dia se torna mais perigoso e distante da alma de Lyoto. Hoje, mais que antes, é um mundo de criaturas anabolizadas, verdadeiros feixes de músculos artificiais, duros e impiedosos como barras de aço. Lyoto não combina com músculos fabricados em oficinas nem um pouco éticas. Ele jamais apelaria para meios escusos. Sua marca é a disciplina e a disciplina. Seu recurso maior, a meditação e uma alimentação super equilibrada, sob orientação técnica, e amorosamente cuidada pelas mãos de alguém tão disciplinada quando ele – sua mulher. Essa tarefa ela não delega a ninguém. Seus pratos balanceados vem da alquimia de um amor incondicional e de um cuidado irrestrito, quase espartano. Como misturar o Lyoto dos sucos verdes, das fibras integrais, do cardápio ao óleo de coco, com aqueles homens mecânicos, cyborgs contemporâneos?

Vá viver, Lyoto! Você já atendeu ao seu desejo de menino! E já ofertou o que podia àqueles que admiram apenas o lutador. Esses só lhe festejam na vitória. São impiedosos quando o jogo vira. Agora aproveite os que amam o homem, o SER, o cidadão comum, que perde e ganha nos jogos da existência, que erra e acerta; volte a viver em sua alma brincalhona, aprontar suas conhecidas “pegadinhas” de mau gosto com os amigos. Vá comer seu bife com batata frita e tomar um suco nutricionalmente incorreto, cheio de açúcar, aqui e ali, como qualquer menino piolhento e de pé sujo. Deixe o mundo dos homens que se esqueceram de si mesmos e vá ser um pouco o moleque de joelhos escoriados de alegria. Seja menino de novo! E diga aos outros meninos, esses sim, iguais a você: fui, venci, perdi. E daí? Estou de volta pro meu aconchego! E pra minha pipa! Go, menino Lyoto! Boa pelada!”

Hanna Flávia Saito

Jornalista e filósofa. Tradutora e parecerista editorial. Casada com Sampa, arrebatada por Natal. Missão na Carta: entrevistas e artigos sobre literatura, cinema, música e vida cultural em geral. Não encontrou motivos convincentes para ter uma conta no Facebook.

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