Rio Grande do Norte, quinta-feira, 02 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 9 de julho de 2010

Ser “chicleteiro”

postado por David Rêgo

É comum ver adesivos nos carros com a marca “chicleteiro”. Sempre me pergunto a respeito desse orgulho. No antigo axé, em termos musicais nada perde para o atual axé, já no que se diz respeito às letras das músicas…

Durante o veraneio já cansei de ouvir “É bangulê, dum, dum, lá lá, tê tê, rá tê tê, é demais nana banana“. Música de Chiclete com Banana deveria servir como cartilha para ensinar criança a ler, aprenderiam facilmente as vogais e famílias das consoantes. A levar em consideração que iriam concorrer com a Xuxa, estaria de bom tamanho.

Por que insistir em letras que só possuem uma seqüência troncha de monossilábicos que não dizem nada com nada e em nada acrescentam? Alguns podem retrucar, citando duas, talvez 3 músicas perdidas (como uma que fala as capitais dos estados), ainda assim, por que tão poucas em um universo tão amplo de músicas?

A história de que “gosto é igual a **” também não se aplica. Trata-se de qualidade das letras e qualidade de letra não é algo relativo, nem depende unicamente de opinião de cada um. É um padrão estético e de conteúdo que pode ser claramente comparado e medido. Existem, ainda hoje, muitos axés com boas letras, com conteúdo, que conseguem passar algo. Mas não vejo adesivos em carros orgulhando-se de música com conteúdo. Como disse, ao ver um adesivo “chicleteiro”, pergunto-me em que fundamenta-se tal orgulho.

Afinal de contas, o que é “ser chicleteiro”? Geralmente não sabem dizer, sempre rola um “ah cara, é um sentimento”. Aí é quando fica tenso mesmo. Além de amor, amizade, ódio entre outros sentimentos, existe também o sentimento chicleteiro. Negocio tá desandando.

David Rêgo

Sociólogo, antropólogo e cientista político (UFRN). Professor do ensino médio e superior. Áreas de interesse: Artes marciais, política, movimentos sociais, quadrinhos e tecnologia.

8 Responses

  1. daniel disse:

    Radicalismo besta e forçado, uma musica não é feita apenas de letra, o ritmo do chiclete com banana é envolvente, contagiante e festivo. Esse papo de “letra” fica para os pseudo-intelectuais bestas que se revoltam com qualquer besteira.

    • Zenobio disse:

      Se o quesito é envolvimento, por que não ouve Mozart ou Saint-Saëns?Garanto que te envolvem muito mais.

    • Sem Bota disse:

      engraçado a pessoa falar isso sem ter o mínimo de noção de estética musical… Concordo que uma música não é só letra, mas chiclete com banana tem a melodia simples demais, sem nenhuma mudança envolvente de ritmo e progressões ridiculamente básicas. chiclete com banana está ao mesmo nível de eu batucar uma música qualquer numa mesa (musicalmente falando)

    • Zenobio disse:

      E se ainda resta alguma dúvida quanto a envolvimento e festividade aconselho a ouvir a música: Danse Macabre – Camille Saint-Saëns.

  2. Alan disse:

    Homi, quem escuta esse tipo de música não sabe nem porque escuta.

  3. Nise disse:

    A swingueira seguiu o esquema e faz músicas com a repetição de uma palavra. “Enfinca, enfinca”; “enfia, enfia”, “desce, desce”, ”rebola, rebola”, ad infinitum.

  4. O mais curioso é ver tantos “irritadinhos” quando alguém afirma que não gosta de uma estilo musical. Criticar uma banda aqui no Brasil é quase como criticar religião. Do mais, o “foco” do artigo não é reclamar das letras, e sim “pensar no que leva alguém orgulhar-se por ser chicleteiro”. A questão continua sem resposta. Me criticaram pq eu afirmei não gostar das letras, mas não me deram a resposta que pedi: qual a razão de orgulhar-se por gostar de uma bandinha?
    Eu não me “orgulho por ser metaleiro”. Não boto um adesivo “mostrando pra todos que curto metal”. Volto à questão: pq ter orgulho de algo tão…tão…pequeno?
    É falta do que orgulhar-se?

  5. coloradoRS disse:

    Qual problema cara?

    e essas bandinha de rock que toca na ribeira? muitas delas, explora o ódio a revolta contra o sistema e ficam batendo cabeças?

    como carnatal letras fúteis, violência e etc.
    e tem aqueles que gostam de Chico Buarque, frequenta teatro riachuelo, e andam de BW. e não fala palavrão e etc…

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