Rio Grande do Norte, sexta-feira, 10 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 9 de julho de 2010

Ser Grafiteiro

postado por Daniel Menezes

Disse certa vez ao meu amigo David, que se ele escreveu o “ser chicleteiro”, eu iria replicá-lo com o “ser grafitheiro”. O tema surgiu num momento despretensioso em que a gente produzia a infame, mas muito comum, “sociologia de buteco”. Resolvi executar o projeto.

O grafitheiro, dada a sua condição “periférica” e menos abastada, se notabiliza por lutar contra um conjunto de visões de mundo preconcebidas (vou estrapolar um pouco também para me fazer entender).
Ser grafitheiro significa ser “´pinta”, modo como aqueles que não seguem a conduta “tradicional” instituída são enquadrados de maneira pejorativa. O grafitheiro é fortemente criminalizado. É conceituado como alguém menor, rude e destituído de qualquer senso estético. A suposta concretização do non sense.

Prova disso é que quando morrem 5 pessoas no carnatal, as “autoridades” afirmam ser algo normal e intrínseco ao evento. Porém, uma briga no carnaval de Macau, cidade em que o Grafih já tradicionalmente toca, para facilmente nas páginas policiais. Há uma forte desproporção na maneira como o Grafith é muitas vezes apresentado.

Mas aí é fundamental questionar: o que o chiclete tem que o Grafith não tem? Bell, cantor da banda chiclete, canta melhor que Joãozinho, vocalista do Grafith? Se levarmos em consideração toda a versatilidade de Joãozinho, chegaremos a conclusão que não. Neste gênero musical não é possível estabelecer diferença qualitativa entre as duas bandas.

A relação é de enquadramento social. Enquanto o Grafith começou sua carreira alegrando as massas, o chiclete conseguiu atrair as camadas médias da sociedade. Grafith ficou mais a mercê, neste aspecto, de determinados preconceitos de classe.

Porém, o Grafith não é pior do que a banda chiclete com banana. Se você que é chicleteiro tem alguma dúvida, então vá, sem pé atrás, para o carnaval de Macau. Verás que nem o fã de Grafith é o que você pensa, como também a banda de Natal não deve nada para o barbudo líder do grupo bahiano em questão.

 

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

One Response

  1. Emmanuelclelio disse:

    Só um erro, o cantor é Kaká… Sou bacharel em direito (grande bosta), não sou pinta, sou de Macau e sou grafiteiro. O povo é que é hipócrita. Hj grafite toca na zona sul e todo mundo curte. Antigamente, qnd eu curtia, era hostilizado por esses que gostam hoje. kkk

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