Rio Grande do Norte, quarta-feira, 15 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 28 de julho de 2010

É possível fazer uma campanha propositiva?

postado por Daniel Menezes

CURIOSIDADES DA PESQUISA (28/07)

Pierre Bourdieu, sociólogo francês, é quem tinha razão – esse negócio de fazer uma campanha propositiva é altamente questionável. Cada vez mais pautados pelas pesquisas qualitativas, os candidatos são forçados a expressar o que os eleitores “querem ouvir”.

Além disso, dada as condições de disputa, os concorrentes se vêem levados a tentar “colar” uma visão negativa no seu opositor a partir das impressões pré-reflexivas compartilhadas entre os eleitores. É muito mais fácil manipular preconceitos já bem arraigados do que discutir e tentar disseminar novas agendas políticas. Os manuais de marketing são as bíblias de manipulação de preconceitos (Jogando para ganhar, livro de Ney Lima Figueiredo é um bom exemplo). É a razão instrumental criando o seu contrário e nos engolindo.

UM POUCO DE HISTÓRIA

O ano passado eu disse certa vez que um erro bastante comum em pesquisas eleitorais é confundir “desconhecimento” com “rejeição”. Afirmei que o candidato Iberê, apesar de ter o mesmo nível de “rejeição” de Carlos Eduardo e estar em piores condições eleitorais do que o candidato do PDT, era “desconhecido”. O teto de Iberê era nitidamente mais alto do que o do ex-prefeito de Natal. As últimas pesquisas vêm corroborando a assertiva.

Iberê tenderá a crescer ainda mais, já que receberá os votos do vilmismo e uma pequena transferência de votos do lulismo (a transferência entre esferas diferentes [federal e estadual] tende a ser bem menor, se comparado quando há o movimento no mesmo âmbito de disputa. Fátima Bezerra quis ignorar este e outros princípios e levou uma lavada em 2008). A “estrutura” é importante, mas há outras questões também merecedoras de destaque.

No entanto, acredito que se Rosalba continuar a desenvolver um discurso de não oposição a Lula e colar a imagem de “continuísmo” em Iberê (o povo está desesperado por qualquer tipo de mudança e o grupo do senador José Agripino vem sendo mais competente para preencher tal anseio), a vitória da Rosa de Mossoró será inevitável. É apenas mais outra projeção.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

Comments are closed.

Política

Metodologias das pesquisas

Política

Sobre as pesquisas estaduais e nacionais