Rio Grande do Norte, sexta-feira, 17 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 8 de agosto de 2012

A Via Costeira NÃO é nossa e a farra vai continuar

postado por Daniel Menezes

Década de 1980: o projeto de exploração da Via Costeira criado. Os terrenos foram “doados” para os empresários, que receberam dinheiro do BNDES, na prática, a fundo perdido para construir hotéis na região. Ficou prometido também que os acessos públicos seriam produzidos. Afinal, o natalense comum deveria ter o direito de usufruir daquelas praias.

De concreto só a distribuição dos terrenos e bastante dinheiro. Muitos beneficiados não fizeram o prometido e só produziram mesmo… especulação imobiliária, além do burburinho que fulano havia levado um milhão, etc. Os acessos nunca foram feitos. Espaços públicos, muito menos.

A farra tem tudo para continuar. Mais uma dezena de “empreendimentos” – nome pomposo, não – serão construídos.

Direito à paisagem já era. Um paredão de concreto será formado. O simples ato de olhar para uma praia será privatizado. Meio Ambiente inexiste. Risco de contaminação dos lençóis freáticos, uma das fontes de água potável da cidade, não mensurado. Licenças não foram retiradas. Não há estudos técnicos. Quer dizer, há, mas os que existem estão sendo convenientemente secundarizados, esquecidos.

 

Mais hotéis e a bela paisagem da Via Costeira

 

O fato da Via Costeira ser considerada uma Área de Preservação Permanente pela Secretaria do Patrimônio Público, IBAMA, IDEMA, SEMURB e AGU, que só poderia ser explorada para uso publico, também já era.

Os lobbystas estão conseguindo retirar o IBAMA da jogada, deixando a regulamentação a mercê da secretaria municipal de meio ambiente (SEMURB) e a estadual (IDEMA). Como o verde que atrai Micarla de Sousa e Rosalba nunca foi o do meio ambiente, tudo deverá ser “contornado”.

A entrega da Via Costeira será aprovada sem discussão e consulta pública. Alias, como sempre.

Natal não tem equipamentos públicos. Só quadras e praças caindo aos pedaços e uma biblioteca, que foi interditada por oferecer risco de vida à população. Se o natalense estiver sem dinheiro e quiser sair, que vá sofrer olhando para as prateleiras de um shooping. Ou então, se tiver algum, que encha a cara num bar.

 

Único equipamento de Natal – o bar – e não é público

 

Ridículo também o papel desempenhado pela imprensa, que não fez cerimônia em omitir informações, fazer lobby e atacar o IBAMA, que só faz o seu papel. Tudo em prol dos gordos contratos de publicidade que estão por vir.

Agora, caro leitor, se as pessoas que lutam pela entrega da Via Costeira, como se isso significasse o fim da miséria – no caso, do bolso deles – fizessem o mesmo pela saúde, educação e segurança…

 

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

4 Responses

  1. Rubens disse:

    Você esqueceu de outra modalidade de equipamento público: os estudantes que ficam tomando 51 nos bancos da praça cívica. Que país é esse… Que cidade é essa. Eu só tenho a igreja como equipamento público.

  2. Inácio Loyola disse:

    Só Robério Paulino está defendendo a Via Costeira. o discurso de Mineiro é dúbio. Ele não tem posição clara. Os outros candidatos têm entenimento parecido com o de Rosalba. PRivatizar tudo.

  3. daniel menezes disse:

    Inácio, não é verdade. Mineiro tem posição clara sobre o assunto. Veja lá: mineiropt.com.br

  4. Caio Cesão disse:

    O que o Mineiro falou é que iria procurar o setor privado e também que iria analisar a lei ambiental, nem a opinião sobre o assunto ele ousou falar na tv. Pelo menos foi o que ele deixou bem claro no primeiro debate.

    Neste estado, preservar o meio ambiente e proteger o empresariado, são suas ações que estão se chocando muito forte.

    O poder privado conseguiu privilégios em excesso, e agora pra tirar deles ou tentar equilibrar a situação entre preservar o meio ambiente e manter o empresariado de “bem com a vida”, não vai ser tarefa nada fácil. Por isso que esse papinho de meio ambiente que o Mineiro apregoa pra Via Costeira é tudo baboseira mentirosa. O empresariado engoliria ele fácil caso um dia ele fosse prefeito, o que não ocorrerá, pelo menos não nessas eleições.

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