Rio Grande do Norte, quinta-feira, 16 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 5 de setembro de 2012

Um Chamado às Armas

postado por Ivenio Hermes

Um anseio ainda não atendido

O tempo é curto e as demandas são grandes, principalmente na vida familiar, mas fui instado a responder um comentário postado no artigo “As Estradas da Morte”, então fiz um manuscrito rápido que segue abaixo.

Comentário Interessante

Alguns trechos do comentário do leitor Tião Ferreira (o texto integral está disponível no artigo original)

“Estive no local logo após o tiroteio. Lá, vi nas mãos de colegas uma arma que era estranha para a maioria dos policiais. Aproximei-me e espantei-me: a arma que fora abandonada pelos bandidos era uma lendária SCHMEISSER MACHINE PISTOLEN MP-40, fabricada na Alemanha nazista em 1940.”

“Vi o que uma pessoa pode fazer com uma SCHMEISSER MP-40 nas mãos e me surpreendi, mesmo já tendo participado de inúmeros confrontos. Para os pseudo-especialistas munidos de teclado, caneta e papel, que na primeira oportunidade dirão que os policiais eram despreparados, digo: NADA, MAS NADA MESMO nesse mundo te prepara para a “HORA H”, quando o elemento surpresa é do inimigo. Para quem critica SEM SABER COMO É, faço um apelo: JUNTE-SE A NOSSAS FILEIRAS. Mudará de opinião em apenas um mês nas ruas.”

Quem ainda está na sala?

Antes da última parte do comentário do amigo Tião Ferreira, escrevi o seguinte:

Muito interessante seu comentário e uma aula de militaria.

De fato, falar sobre o universo da segurança pública como uma sala e se fale apenas do ponto de vista acadêmico ou apenas crítico sem nunca ter sido policial, parece até ser um pouco deslocado do senso de realidade, entretanto temos alguns ótimos nomes nessa vertente e que fazem ou fizeram a diferença na nossa sociedade.

Falar da vivência, rotina e das intempéries reais de um combate urbano, também não é coisa para qualquer policial, são algumas áreas que podem estar mais suscetíveis a eventos assim, por isso o universo anterior diminui.

E fica ainda menor se falarmos daqueles que têm a responsabilidade de atirar para “interromper a agressão”. Agem com o cuidado constante de não ser irresponsável para não atirar descuidadamente e atingir inocentes. Não se perdem na ação e esgotam a munição, ficando sem poder apoiar os colegas ou tornando-se outra preocupação para os outros. E por fim, são racionais e ainda, sob essa circunstância estressante tomam decisões acertadas.

Quero criar ainda um microverso, o daqueles agentes da lei que passam por situações de combate urbano e depois voltam pra casa e ensinam direitos humanos, igualdade, respeito ao próximo e outras virtudes afins para seus filhos e queridos.

Ousadamente, se alguém que já viveu situações como a dos policiais civis assassinados, esteve com eles e depois foi acionado para ir até a casa do colega morto e dar a notícia para a família antes do alarme dos jornais… Quem ainda está na sala?

A Vida Simples

Quando Tião mencionou os “pseudo-especialistas”, foi um momento de glória. Ele coroou tudo que eu já disse sobre ações equivocadas da gestão de segurança que pensa que tudo se resolve dentro de uma sala com ar condicionado e com um teclado e monitor.

É preciso conhecer para se falar de algum assunto, se não conhece, busque quem pode auxiliar, avalie fontes, estude! Não adianta ter conhecimento se não sabe o que fazer com ele? Imaginem o conhecimento de militaria de Tião se ele não soubesse o estrago que a SCHMEISSER MP-40 pode causar em mãos hábeis? Para nada adiantaria.

Ser especialista em segurança pública e falar sobre o assunto sem deixar-se levar por passionalidades políticas é coisa para alguns poucos.

O tema é arrebatador e muitas vezes a frustração de não obter resultados óbvios através de seus estudos, podem levar um escritor a tomar partido, literalmente falando, e deixar sua capacidade de análise ser embotada pelo envolvimento.

Mas envolver-se não está errado quando é com uma causa, e não com causídicos eventuais e interessados em ganhos egoístas. A causa precisa ser digna e de interesse social.

Da mesma forma, ser policial e viver no limiar do estresse são outras contas. É deixar a vida simples de ir e vir sem notar certas mazelas e passar a ser guardião dos outros antes de ser guardião de si mesmo.

Se você não está preparado para largar a vida simples, não seja policial, nem se envolva com questões sociais.

Vox Populi

Enfim, o convite para aumentarem as fileiras é perfeito, ele é a voz do povo personificada como no termo Vox Populi!

Muitos têm atendido ao chamado às armas para proteger e servir a sociedade, o verdadeiro papel dos agentes encarregados de aplicar a lei.

Os suplentes dos concursos da polícia civil, da polícia militar e de agente penitenciário do Rio Grande do Norte estão tentando entrar para a batalha juntamente com os já aprovados no curso de formação da PC/RN e ainda não lograram êxito. Precisamos motivá-los a continuarem tentando.

“A escuridão cai, aí vem a chuva para lavar o passado e os nomes”¹

Jovanez de Oliveira Borges e Antônio Pereira Pinto Neto

(In Memorian)

¹Tradução livre de um trecho da canção Vox Populi (A Call to Arms) by 30 Seconds To Mars. Disponível em http://migre.me/aA2XV com letras traduzidas em http://migre.me/aA1da

 

Ivenio Hermes

Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró. Integrante do Conselho Editorial e Colunista da Carta Potiguar. Colaborador e Associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial. Facebook | Twitter | E-mail: falecom@iveniohermes.com | Mais textos deste autor

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