Rio Grande do Norte, sexta-feira, 10 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 28 de dezembro de 2012

“Fuleco” é a Mãe!

postado por Carta Potiguar

Uma resposta curta e digna

Por Beth Michel

Petição ao Mui Ilustre, Santíssimo e Meritíssimo Papa Berto I – ICAS – comarca da Capital.

Esta humilde serva da irmandade da ICAS, vem perante S.S. dedurar e finalmente requerer o seguinte:

O nome dado ao tatu bola (Tolypeutes tricinctus), que foi escolhido como “mascote” da Copa (2014) nos dá bem a medida do que a “elite” midiática pensa do (e deseja para) povo brasileiro. Segundo pesquisa realizada por minha amiga Ana Maria Henriques pretendente a noviça da irmandade sediada no distrito de Tamoios – Cabo Frio – RJ – o verbete ”Fuleco” – apelido “democraticamente” escolhido pelo público telespectador na enquete da TV GLOBO (ninguém sabe realizada mediante a autorização de quem); tem as seguintes acepções:

  • Conhecido no Nordeste por: Coisa ruim, de baixa qualidade, inferior, fraco, incapaz, duvidoso…
  • É um apelido para o ânus.
  • Ladrão, bandido, corrupto.
  • “Fulecar” é o ato de perder tudo o que se ganhou em um jogo.
  • Protozoário que se aloja na região do reto causando forte prurido anal.

Ora, se o “Fuleco” (tatu) representa o povo brasileiro, essa “gente” está passando recibo para o mundo inteiro – em nosso nome – de que o “bravo povo brasileiro” é:

  • Cuspido e escarrado o Capeta (coisa ruim)
  • Não vale a “mistura” que come (baixa qualidade)
  • Debilóide (inferior)
  • Bundão (fraco)
  • Burro (incapaz)
  • Safado e traíra (duvidoso)

E ainda…

  • O suprassumo da merda (ânus) e talvez boiola – há controvérsias sobre se o ânus em questão é ativo ou passivo de fulecação.
  • É igualzinho a “eles” (ladrão, bandido, corrupto) o que é no meu entender a maior das ofensas acima perpetradas.
  • Já perdeu o “certame” porque vai “fulecar” já no primeiro jogo e além do mais é falido, e perdulário. Vai ter um monte de gringo malandro querendo nos aplicar o conto do vigário.
  • É um verme que se amarra em se enfiar no fiofó alheio só para fazer graça.

Longe de mim, supor (ou acusar) um pretenso desconhecimento da semântica por parte de uma mídia tão bem situada e sabedora de tudo e de todos, donde a criteriosa escolha dos três possíveis nomes do nosso bichinho símbolo deve ter sido feita de maneira totalmente proposital – até imagino as laudas de justificativas apresentadas no “brilhante” projeto global. Será que o Ministro dos Esportes leu?

Dito isto, e não contente com o retrato que nos fizeram as “otoridades” copisticas (nada a ver com os comparsas de levantamento de copo, e bebedores de cachaça em geral), lá fui eu chafurdar nas origens mais profundas do epíteto. E encontrei que “fuleco” é uma corruptela de “furreco” (de mau gosto, decaído, cafona). E está última ofensa me tirou do prumo, pois do alto do meu salto 8 made in Italy – com plataforma; eu aceito quase todo tipo de escrotice alheia quanto aos meus defeitos, mas me chamar de CAFONA!? Sim, por que: fuleca, furreca e cafona é tudo a mesma bosta! Ai, minha Santa Rita Lee da Santíssima Igreja da Socila! Saibam que em questões de elegância sou totalmente inesculhambável – como avaliza meu pai de santo James Jefferson.

Portanto, mui respeitosamente, requeiro que seja expedido mandado de citação à referida rede de comunicação nos seguintes termos:

FULECA É A MÃE! Bando de alpinistas sociais, novos ricos (graças ao peculato) e famosos ninguéns, e antes que eu me esqueça: Vão todos tomar no meio dos seus digníssimos, preciosos e hemorróidicos “fulecos”! O cerol na vaselina é por conta da casa…

Termos em que peço deferimento ao S.S. Papa Berto I – da ICAS e editor chefe do JBF – para que passe a régua e se publique. E que se cumpra a sentença, por quem de direito.

Cabo Frio 12 de dezembro de 2012

Beth Michel – aspirante à colunista

Carta Potiguar

Conselho Editorial

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