Rio Grande do Norte, quinta-feira, 16 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 15 de fevereiro de 2013

Eduardo Campos presidente? Realidade e mito

postado por Daniel Menezes

O governador de Pernambuco Eduardo Campos é o novo queridinho da imprensa.

Nas análises que tomam desejo por realidade sobre a suposta hipertrofia política da “nova força eleitoral do Brasil”, todos os prefeitos eleitos pelo PSB lograram êxito em sua jornada porque tiveram o apoio do herdeiro de Miguel Arraes.

E o mais interessante: todos os prefeitos vão transferir o voto para ele, que é também presidenciável, em 2014.

É como se o eleitor que votou Larissa Rosado (PSB), candidata a prefeita de Mossoró (RN), por exemplo, tivesse escolhido a filha da deputada federal Sandra Rosado pelo projeto de Eduardo Campos.

É como se o eleitor de Larissa olhasse para Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, e não para o lixo, mobilidade urbana, escola, saúde.

À oposição interessa a multiplicação de candidaturas, sobretudo, aquelas que demonstrem competitividade no nordeste, região do país em que o PT vem contraindo significativas votações. Eduardo Campos seria, nessa perspectiva, um grande ator no sentido de dividir os votos da presidente Dilma, candidata provável a reeleição.

Há, ao meu ver, uma outra suposição falsa por trás dessa construção analítica, ou, no mínimo, passível de ser questionada – a de que Eduardo Campos será um campeão de votos no nordeste.

Se coloque, caro leitor, mais uma vez, no lugar do eleitor mediano e tente raciocinar: você é um cidadão de Picos, no Piauí, ou de Natal, no Rio Grande do Norte. Quais elementos são mobilizados para justificar uma mudança de comportamento eleitoral daquele que votou em Dilma para Eduardo Campos?! Ainda que o referido presidenciável possa ocupar o espaço dos “não-alinhados” às agremiações do PT-PSDB, se constituindo como a “terceira força” – lugar já preenchido por Ciro Gomes e Marina Silva -, não há nada de concreto que permita antever uma brusca recontextualização das forças políticas.

Dilma Roussef, em 2010, venceu em Minas Gerais e perdeu no estado de São Paulo por apenas 10% (55% x 45%), redutos que, do ponto de vista local, são dominados pelos tucanos e que os inventores de doxa alegaram que a oposição iria ganhar de lavada.

O Nordeste não é uma região una e indivisa, assim como também o Brasil não se encaixa facilmente em generalizações que desconsideram as indiossicrasias regionais. Portanto, é bom não subestimar a capacidade do eleitor de estabelecer diferenças e construir critérios distintos para realidades específicas. Melhor. Não é inteligente impor um modo de racionalidade verticalizadora, que o votante já mostrou não seguir.

PRATELEIRA

Eleição é igual a prateleira de supermercado: quanto mais produto melhor. Deste modo, a candidatura de Eduardo Campos, dada por alguns como certa, ajudará a diversificar às ideias e qualificar o debate. Enfim, tornará o mercado político mais sortido.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

2 Responses

  1. A ECONOMIA AINDA EXPLICA MUITA COISA.SE VAI BEM O GOVERNO TAMBÉM VAI.SE FOR MAL…SE O PIB CONTINUAR A CAIR A DEBANDADA NA BASE ALIADA SERÁ INEVITÁVEL:O CICLO DO GOVERNO PETISTA MOSTRA SINAIS DE ESGOTAMENTO.É INTERESSANTE QUE O GRANDE SUCESSO DO SR CAMPOS TEVE MUITO AJUDA DO GOVERNO LULA,CARREANDO FARTOS RECURSOS OU EMPREENDIMENTOS GIGANTESCOS COMO A REFINARIA ABREU E LIMA,PARA A TERRA DO FREVO.

  2. Lógico. Isso se chama democracia. E o eleitor sabe que ela existe. Um debate político sério em 2013 atrelado ao debate econômico é sem sombra de dúvida um bem para nossa pátria e para a consolidação de nossa democracia. O problema é que os petistas lulistas, que só conseguem pensar eleições e sua permanência no poder, atropelam esse debate importantíssimo para nossa nação. Caracterizando um autoritárismo muito perverso, e dando a entender que querem fechar as portas do nosso desenvolvimento sócio civilizatório. Por isso sempre digo: temos que nos educar. Educação, educação, educação. É o trabalho! mas tem que ser feito. E assim, logo, logo estaremos caminhando a passos largos adelante.

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