Rio Grande do Norte, sábado, 18 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 16 de julho de 2013

Bandos soltos

postado por Daniel Menezes

Da Folha
Por Janio de Freitas

Uma atitude conveniente, em muitos sentidos, a todas as secretarias de Segurança nesta fase de violências a meio de manifestações pacíficas: comandante da PM no Rio, o coronel Eri Ribeiro convidou representantes da OAB e do Ministério Público a acompanharem a tropa que conteria a manifestação no entorno do Maracanã, quando do jogo entre Brasil e Espanha.

Resultado: confirmou-se o previsto choque, mas o representante do Ministério Público testemunhou que a agressão inicial não foi da PM, foi contra a PM. O desmentido ao histórico da repressão policial, positivo para a PM, serviu sobretudo para confirmar uma anormalidade que requer mais consideração geral do que a recebida até aqui.

Multiplicam-se os bandos organizados com o propósito de valer-se das manifestações para destruir lojas, carros, equipamentos públicos e para lutar com a PM. Perturbação piorada dos bandos de marginais que se passavam, ou passam, por torcidas organizadas em São Paulo. As duas últimas manifestações no Rio –em frente ao palácio de governo de Sérgio Cabral e a passeata dos sindicalistas– foram interrompidas pelo ataque provocador dos marginais à PM. No primeiro desses casos, com o legado de muitos manifestantes e transeuntes atingidos.

Dos adultos apanhados, só dois ficaram presos. E dois “dimenor” foram detidos (ou “apreendidos”, dizem agora os jornalistas, como se “dimenor” fosse objeto ou mercadoria). Não é a maneira de sustar a crescente violência que deturpa e terminará por esvaziar os movimentos legítimos de protesto e reivindicação pública.

Extensão das passeatas urbanas, as interrupções das estradas, na quinta-feira, incluíram muitos atos de violência. Se um caminhoneiro mata outro com uma pedrada no para-brisa, e seus companheiros nada fazem, não se espere coragem da Polícia Rodoviária para desalojar dezenas ou centenas deles. E as violências ficam por isso mesmo?

Os responsáveis pela segurança pública mostram-se acuados, diante do novo problema, pela já automática acusação às suas polícias, a partir dos tiroteios fatais nas favelas ou em enfrentamentos com assaltantes. Mas, da maneira como os distúrbios de violência se espalham e se agravam, a tendência é que terminem mal para todos os lados.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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