A polêmica da fantasia guarda relações importantes com o fenômeno do bolsonarismo. E isso não só porque a autora da fantasia, a jornalista Sabrina Flor, é uma eleitoral convicta e propagandística de Jair Bolsonaro, mas sim porque a fantasia criada para o seu filho está, simbólica e discursivamente, em perfeita harmonia com as narrativas bolsonaristas sobre o nosso passado nacional, em especial aqueles traumáticos, ligados à escravidão e à ditadura militar de 1964. A concepção, execução e publicização do traje de escravo não está em contradição com o bolsonarismo. São dois eventos irmanados, logo indissociáveis, em que o segundo atuou como condição de possibilidade imediata do primeiro.