Rio Grande do Norte, sábado, 27 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 8 de abril de 2010

Trânsito: Problema sem jeito?

postado por David Rêgo

Poucas coisas me irritam tanto como o trânsito. Para minha sorte não saio de casa em horário de pico, ou saio muito cedo, antes das 6 horas, ou após às 20 horas.
Uma vez na vida tenho que pegar o trânsito na hora do rush. O fiz hoje (não por vontade) e estou aqui irritado, não pela falta de educação no trânsito, mas por existirem secretários responsáveis para dar um jeito nele e não o fazem. Gastei agora a pouco aproximadamente 30 minutos para me deslocar de Ponta Negra até Candelária (várias bicicletas me ultrapassaram, nem me surpreendo mais) e me perguntava: Por que cargas d’agua a Engenheiro Roberto Freire não é cheia de passarelas?
Por que insistir em sinais de trânsito se sabemos do intenso fluxo de carros em tal avenida? Por que mais e mais controladores de velocidade e radares se a velocidade deveria ser maior e não menor?
Podemos construir passarelas ou túneis cortando cruzamentos etc. e sem dúvida alguma o trânsito iria fluir muito mais.
Converso estas questões com amigos em mesas de bar ou mesmo na universidade e a resposta que me dão é sempre a mesma: “Você tá doido? Não tem como fazer isso, é muito dinheiro etc.”.
Penso que ganharia-se mesmo no lado econômico. Vou tentar explicar. O trânsito é o responsável por um dos maiores prejuízos que o natalense tem de arcar na nossa metrópole, deixe-me explicar a razão.
Levemos em consideração apenas o trânsito da cidade composto por veículos “tipo B” (é isso mesmo, esses carros com 4 bancos etc.), deixemos de lado as motos e ônibus, caminhões etc. vamos considerar apenas os carros. Levemos também em consideração que o fluxo de carros na Engenheiro Roberto Freire seja de aproximadamente 10 carros por minuto (estou trabalhando com dados modestos, sabemos que é bem mais do que isso, porém, vejamos o que acontece mesmo trabalhando com dados “para baixo”) e consideremos também que o dia tenha apenas 16 horas (ou seja, das 6 horas da manhã até as 10 horas da noite), vejam só como estou facilitando a vida dos favoráveis ao “problema sem jeito”. Bem, deixemos de conversa fiada e vamos às contas.
Considerando um fluxo constante de 10 carros por minuto durante 16 horas teremos um total de 9.600 carros.
Vamos supor também que a renda de cada um destes que possuem e dirigem estes carros seja igual ou superior a 2 mil reais (caso não o seja eu quero só saber como ele pode manter um carro com um salário destes, por que pagar prestação, seguro e IPVA com uma renda inferior aos 2 mil é praticamente “viver para o carro”, não é bem o caso), e vamos supor também que estas pessoas trabalham 40 horas por semana, ou seja, de segunda à sexta, isto na prática quer dizer que esse “motorista” que ganha 2 mil reais e trabalha 160 horas por mês recebe por cada hora de trabalho aproximadamente R$ 12,00.
Levemos em consideração também que este mesmo cidadão que tem um carro e ganha 2mil reais “perca” todos os dias meia hora na ida e meia hora na volta, totalizando 1 hora por dia “além do necessário” no trânsito. Bem, agora que fundamentamos teoricamente vamos aos cálculos:
1 hora perdida vale, em média (nos termos que aqui colocamos) R$ 12,00 (neste hora “perdida” o cidadão poderia estar produzindo ou divertindo-se, ambos os casos geram receita ou aumentam qualidade de vida o que redunda em menos gastos em outras áreas como saúde, por exemplo), levando em consideração um fluxo de 10 carros por minuto teremos 9.600 carrosem 16 horas, assim sendo, ao se multiplicar 9.600 (carros) por R$ 12,00 (equivalente à hora de trabalho ou descanso que é “perdida” no trânsito) teremos a singela quantia de aproximadamente R$ 115.000.00 (Centro e quinze mil reais)… por dia. Este é o prejuízo real, na prática, que um trânsito ruim pode nos causar, e estamos fazendo os cálculos de apenas 9.600 carros em uma das avenidas de Natal. Ouvi falar que a “população” de carros já superou 1 milhão na nossa cidade, e geralmente os carros andam com mais de uma pessoa…
Querem fazer os cálculos do prejuízo de toda Natal por mês? Eu to com preguiça…
Mas independente disso eu acho que dá pra construir umas 2 ou 3 passarelas…túneis… viadutos….

David Rêgo

Sociólogo, antropólogo e cientista político (UFRN). Professor do ensino médio e superior. Áreas de interesse: Artes marciais, política, movimentos sociais, quadrinhos e tecnologia.

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