Rio Grande do Norte, terça-feira, 21 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 8 de junho de 2010

Ateísmo

postado por Daniel Menezes

O físico americano Carl Sagan é quem estava certo: a religião é um tapa buraco. É preciso apenas completar o raciocínio dizendo apenas que são pelas próprias (sub)condições de vida das pessoas que a religião adquire validade.

Se pensarmos bem, veremos que a pergunta “deus existe?!” já se encontra completamente viciada, pois tem a intenção em lançar dúvida sobre algo que a gente não tem, retirando os delírios individuais e coletivos, parâmetro para questionar. Ninguém chega no quarto de casa e fica se perguntando se ali há um elefante porque simplesmente não há evidências da existência de um animal tão grande dentro do cômodo.

Os religiosos, já dominados por este ethos, sabem muito bem se impor. Há todo um processo coercitivo – e ninguém consegue atingir um nível elevado de reflexividade sendo coagido – que é mobilizado para que a dúvida apareça. A gente só faz tal tipo de pergunta porque nós fomos condicionados, desde a mais tenra idade, a aceitar sem contestação a existência de deus, santos, duendes, etc.

Da mesma forma como acontece com uma adolescente que chorar ao conseguir um autografo do seu ídolo, Não deixar de ser cômico ver as pessoas se emocionando porque tocaram numa santa feita de madeira.

Porém, pior do que isso é ter de ouvir todo tipo de asneira das pessoas, querendo justificar a necessidade de religião – “religião é necessária!” “Se não crer em Deus vou acreditar em que?” “Sem religião as pessoas perderiam o respeito!” São afirmações tão desprovidas de lógica que não merecem nem discussão, já que apresenta o nível de abertura que o indivíduo demonstra para pensar o contraditório. Elas só ganham razão de ser quando entendemos que a religião tem a função de suprir o sentimento de falta do indivíduo, apaziguar as revoltas contra as mais variadas formas de dominação e impedir que a gente enfrente os nossos medos.

Talvez, ao passar por um longo processo civilizatório de aprendizado, o ser humano poderá, como um cego que recebe um transplante de córnea e passa a enxergar, se acostume com a luz e com as possibilidades que dela podem advir..

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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