Rio Grande do Norte, quarta-feira, 15 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 7 de maio de 2011

Ho$pitais particulares de Natal

postado por David Rêgo

Sempre costumam reclamar da saúde pública do Brasil. Entendo que ela tem muitos problemas, não é nem de longe o que se esperaria. Porém, isso não significa dizer que a saúde particular é uma maravilha ou beira perfeição. Atendimento em hospital particular é coisa sempre fora do comum (de ruim). Paga-se caro mais para ter raiva do que para ser tratado. É fato que sempre existe um caso pior do que o seu (o meu eram simples pedras nos rins), ainda assim…

O camarada entra na enfermaria andando igual a uma velhinha de 105 anos, se vendo de dores, quase chorando, e a recepcionista pede para você preencher vários papeis. Imaginei tratar-se de uma ficha sobre alergias, medicamentos etc. Logo pensei: iniciativa boa mesmo. Triste ilusão. Não era para monitoramento médico, era pedindo meu endereço, telefone e essas coisas todas. Naquele momento, tendo condições, eu teria jogado o que tivesse por perto na atendente. Na realidade condições eu tinha e objetos também, não fiz isso, pois sabia que não resolveria nada.

Consolei-me com a situação patética do homem ao meu lado, tendo que, cheio de dores, ser erguido de uma cadeira de rodas para botar o dedo em uma máquina do plano de saúde. Será que esse pessoal não poderia ser treinado para atender o paciente (cliente?!) e só depois (quando a dor estiver menor) enviar uma ficha para você preencher seu endereço? É o mínimo de humanidade que se pede em um atendimento médico. Até em um restaurante nos atendem melhor. Ao chegar em um restaurante não me pedem endereço, número de telefone, CPF, número do cartão de crédito etc. com medo de calote. Até mesmo em um bar onde você pode encher a cara, ficar muito doido etc. nem em bares lhe pedem documentação e comprovantes antes de “terminar o serviço”. Mas em ho$pital particular não, tem que ser diferente. Eles devem ter medo que um enfermo, cheio de dores vá sair correndo sem pagar a conta. Em dias de hoje sei bem o que querem dizer quando falam em “humanização da saúde”. Caso não concordem, peço-lhes que informem (nos comentários) onde encontrar bom atendimento em hospitais de Natal. Enfim, é isso.

David Rêgo

Sociólogo, antropólogo e cientista político (UFRN). Professor do ensino médio e superior. Áreas de interesse: Artes marciais, política, movimentos sociais, quadrinhos e tecnologia.

One Response

  1. Sales disse:

    Cara, falou tudo. Revoltante. ANS existe? Acho que eu teria jogado os objetos na atendente. Brincadeira…

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