Rio Grande do Norte, quarta-feira, 15 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 8 de março de 2012

Renata (BBB) deveria ser homenageada no Dia Internacional da Mulher

postado por Daniel Menezes

Sim, assisto ao Big Brother Brasil. Não é o meu programa predileto, mas, as vezes, quando já li tudo o que eu queria pela net, deito no chão da sala para acompanhar o “reality” com a minha esposa.

Muito do BBB me chama atenção. É notável (uso a palavra sem conotação valorativa) como o herdeiro do grande irmão, do panopticon foucaultiano consegue propagar novas práticas culturais e reforçar visões de mundo. Percepções críticas (um homossexual engajado já levou o prêmio uma vez), assim como também outras carregadas de preconceitos.

Quem foi, por exemplo, que não escutou nos últimos dias falas reprovadoras desferidas contra o modo de agir da participante “Renata”?!

Tendo “ficado” – como hoje se fala – com três rapazes da casa, a loira foi desaprovada por ter, segundo ouvi de muita gente, uma conduta inadequada para uma mulher (não detalharei os impropérios).

Que moralismo bobo! Renata é a feminista “in natura”, sem nada forçado.

Faz o que dá na telha e não se preocupa com o fato de ser “mulher”, entendendo “mulher” aqui em toda a perspectiva castradora que o enquadramento de gênero pode trazer numa sociedade androcêntrica.

O movimento feminista perdeu uma boa oportunidade de sair em defesa da Sister. De apoiar a liberdade tornada ação, corpo.

Renata poderia ser o símbolo do Dia Internacional da Mulher de 2012.

O Movimento feminista deveria fazer justiça.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

8 Responses

  1. Se ela exerce sua liberdade de ser e escolher quem quer ser e como agir, sem dúvida, enquanto mulher no contexto ainda conservador que vivemos, está quebrando muitas algemas da sociedade machista. 
    Porém, ser feminista está muito além disso, caro, feminismo é ter consciência que temos lutas e paradigmas a serem quebrados, seja através do exemplo, da ação e combate diário da opressão e da misoginia. Não conheço Renata nem assisto o programa e não sei se ela está de acordo e consciente dessas preocupações. Não me surpreendo, mais uma vez, confundirem ser feminista com ser moralista, esta última que condena mulheres “ditas” promíscuas e não seus algozes, como o próprio sistema capitalista. Essa é uma visão estereotipada de feminista, na verdade, feminista “in natura” é aquela que é à favor da igualdade de gênero, portanto nunca condenaria a prática da bbb Renata, que explicitou suas vontades sem se preocupar com os rótulos machistas que lhe dariam.

  2. Daniel Menezes disse:

    Não confundi feminista com moralista.

    Penso apenas que a participante do bbb representa as conquistas da mulher moderna.

    Exerce a liberdade de ficar com quem deseja, como um homem já faz há bastante tempo.

    Ela foi atacada por agir livremente.

    O movimento feminista deveria tê-la defendido. 

    Só isso que eu quis dizer…

  3. Daniel Menezes disse:

    Agora, talvez… as entidades representativas do movimento feminista tenham ficado presas a rótulos do que significa ser “feminista”, talvez numa visão um pouco “congelada” e não quiseram tocar no assunto da Renata no BBB.

  4. Cláudio Torres disse:

    Cara, desculpe o comentário, mas acho que você não “assiste O Big Brother”, e sim AO Big Brother. Abraços!

  5. Daniel Menezes disse:

    Obrigado Claudio pela correção…

    abç.

  6. Andrea Linhares disse:

    Daniel,
    também vejo bbb sempre que posso, ah e sou viciada no jornal da globo e na novela das oito também. E nao me sento para ver tv necessariamnete após de ter lido livros, artigos, escutado uma sinfonia de  Beethoven e bla, blá,blá, blá,blá,blá, blá,blá,blá…quando posso, paro com as atividades intelectuais ou qualquer que seja para ver tv. Qual o problema?
     Pois é, dia da mulher é uma grande encheção de saco. As manifestações oscilam “entre a carolice e a cretinice”. Mulheres deveriam ser respeitadas sempre. Por acaso existe dia dos homens? Sim tb concordo plenamente com vc sobre o que dizes da participante Renata. Integralmente concordo com teu raciocínio. Vc não a chamou de feminista, vc a tomou, ou melhor, tomou seu comportamento, como um símbolo ou expressão a ser enfatizado pelo movimento feminista. Claro que vc não disse que a “Renatinha” tinha consciencia de de seu papel ou estava …exercendo sua praxis feminista….seu argumento está muito claro, pelo menos para mim.  Ah, e penso também que esse discurso de mulheres versus algozes capitalistas, igualdade de gênero, #%& !$%¨%$##%%¨543363##$%$%##  exprime uma visão unilateral ou com vc diz, congelada. No tempo e no espaço.No mínimo.Trata-se de minha opinião pessoal, claro, e apenas.

  7. Daniel Menezes disse:

    Prezada Andrea,
    vejo que os clichês universitários/intelectuais também te incomodam. Eu também não suporto algumas cretinices q ouço de algumas pessoas que são, inclusive, meus amigos. Um amigo, noveleiro doente, conforme um conhecido em comum me disse, alega que assiste a novela, pois faz sempre uma análise sociológica daquela indústria cultural, rs. Que fanfarrão.
    No caso “Renata” também concordo contigo. Ser “feminista” é uma prática e não algo performático. Não é preciso fazer um grande discurso para ser feminista, humanista ou fascista. 
    Convivi com “feministas” que são duplamente clichês. Discurso feminista e intelectual aliado a um machismo diário e a um moralismo acusatório que são direcionados contra tudo aquilo que não se enquadra no modelito que as feministas entendem por “crítica”.
    PS. Reitero o modesto convite para que você se torne colunista da carta. Tema e periodicidade livres.
    Abç.

  8. Andrea Linhares disse:

     Obrigada, Daniel.

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