Do blog do Jornalista Fabio Farias http://fabiofariasf.blogspot.com.br/ – Jornalismo Malcriado
Algum ser não pensante que administra a obra do Arena das Dunas teve a brilhante ideia de, algumas semanas depois de uma manifestação dos trabalhadores pedindo melhores salários e condições de trabalho, demitir 10 funcionários da obra.
O amadorismo e a falta de inteligência no gerenciamento humano levou a uma consequência imediata: os outros operários, indignados com a demissão sem justa causa dos 10, decidiram paralisar as obras e fazer manifestações contra a OAS, empresa que administra a construção.
Querem a admissão imediata dos companheiros e garantias que outras demissões não ocorram. Ameaçam pedir demissão coletiva, se for o caso.
Com isso, o já atrasado Arena das Dunas, vai ficando cada vez para trás.
Dito isso, me chamou a atenção uma matéria que foi veiculada pela Inter TV Cabugi (Filiada à Globo) sobre o assunto. Depois de fazer o feijão com arroz da manifestação dos trabalhadores, a emissora entrevistou uma mulher que disse: foi agredida pelos operários.
A chamada utilizada, aliás, era essa: mulher diz ter sido agredida por operários em greve do Arena das Dunas.
Acontece que a entrevista da dita cuja é uma piada de mal gosto com o telespectador. De óculos escuros, ela afirma que estava na Prudente de Morais (a manifestação ocorreu na BR 101, uns bons kilometros de distância) e que motoqueiros a cercaram e agrediram-na verbalmente, além de ter depredado o carro dela.
Ela disse que os motoqueiros, que estavam de capacete, eram operário do Arena das Dunas (!?). Ou seja, ela supõe algo e sequer justificou porquê acha que os supostos motoqueiros eram os grevistas. Faz uma acusação graves e sem provas.
A reportagem foi tão sem vergonha na cara que sequer mostrou a ‘depredação’ do carro da mulher.
Isso mostra o poder de lobby Governo-OAS com a imprensa local que a faz esquecer de princípios básicos do jornalismo.
A culpa da manifestação dos trabalhadores da Arena das Dunas é da própria OAS, que foi infeliz e amadora e aposto meus dedos aqui: pouca gente vai ter coragem de admitir isso na imprensa natalense.
Fabio Farias foi na raiz…
O caso da greve do Arena das Dunas mostra que não há limites para a invenção de mentiras, estórias, etc, em nossa cidade em prol de grupelhos que se perpetuam no poder.
Que quando há interesses empresariais em jogo, adoçados pelo governo do estado, o céu é o limite…
Na raiz e no âmago. E esta mais que certo, NUNCA vão admitir o erro. AS obras tem que ser paralisadas também, eles trabalham em condição de sub-emprego.
Quanto a parcialidade da matéria da InterTV eu concordo, uma matéria com acusações desse porte só pode ser veiculada com um mínimo de apuração sobre o ocorrido (concordo também com a conivência de nossa imprensa com os grupos políticos). Mas em relação a greve nos termos em que ela ocorreu eu não concordo. Ora, o motivo da greve foi a demissão de 15 funcionários (não 10) de acordo com a decisão do desembargador Carlos Newton Pinto (
http://tribunadonorte.com.br/noticia/justica-do-trabalho-determina-retorno-ao-trabalho-dos-operarios-da-arena-das-dunas/217308) se a greve foi deflagrada por esse motivo (demissão de 15 funcionários), e a sua reivindicação é a admissão imediata dos mesmos, ela não tem respaldo jurídico, uma vez que é um direito do empregador demitir funcionários sem justa causa (arcando com as devidas onerações). Trata-se de uma empresa privada (embora seja a OAS) e ela possui esse direito. Se há outras reivindicações ai sim a greve poderia ser legal.
Tulio,
havia um acordo fechado na justiça do trabalho entre empresa e sindicato, que vedava a possibilidade de demitir qualquer funcionário sem justa causa.
A empresa também prometeu aumento e melhores condições de trabalho (alguns funcionários estavam com uma jornada de 12 horas/dia), questões também não cumpridas.
A greve tinha total legitimidade. O problema é que esse povo acha que, por que é “pedreiro”, tem mais é que se fuder e trabalhar feito bicho.
Aí inventam coisas mesmo… Povo da cabeça fértil.
Perfeito seu comentário, Daniel, sem hipocrisia. 99% das pessoas que eu conheço acha que pedreiro é tudo bicho e tem que trabalhar de forma igual a um. Além de adjetivarem, comumente, como “complicados” os trabalhadores da construção civil. “Complicado” é um patrão que não respeita direito de nada e quer exigir na base do chicote. Desse jeito, o operário se sente na obrigação de se “vingar” de alguma forma.
Pedreiro, Empregada Doméstica, além de outras profissões, não atingiram a condição de “gente”. São vistos como pessoas inferiores na nossa sociedade.
Formam uma espécie de “Ralé”…
Além do preconceito que sofrem, são obrigados a enfrentar altas jornadas de trabalho, tudo normalizado pelas classes mais abastadas, recebendo míseros salários.
No final das contas, natalense não aguenta aquilo que estão vendo como a “insolência” dos trabalhadores do Arena das Dunas.
Nessa lorota… eu não vou cair.
Tô pra tentar escrever mais sobre o assunto.
apoiado! enquanto alguns gozam de super-cidadania a realidade da “ralé” é trágica.
desculpe Túlio, esse greve teve amparo jurídico e constitucional sim veja o que diz o art. 9º da Constituição Federal: Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
Esse desembargador esta no mínimo equivocado, se não, mal intencionado
Foi muito infeliz essa matéria, quando assisti essa reportagem esperei para ver o carro da mulher, mas nada…
Quem quer apostar que a copa não vai acontecer em Natal! Perdemos o Machadão e a especulação imobiliária ganha um ótimo terreno!!!