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Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 30 de junho de 2012

Regime de urgência: uma porta de entrada para corrupção?

postado por Daniel Menezes

É de subir um frio na espinha quando se ouve o nome “regime de urgência” em uma relação de contratação entre Estado e Empresa/OS.

O princípio tem a sua validade prática. Crises, catástrofes e necessidade de re-estabelecer serviços públicos fundamentais sem demora tornam a contratação sem licitação necessária.

Porém, o regime de urgência, meio que dispensa a concorrência, gera um conjunto de inconvenientes. No caso da Operação Assepsia, as OS suspeitas de cometerem ilícitos também foram contratadas através desse formato.

Mas não é só isso. A tentativa de sair da complicação da licitação vem levando alguns gestores a criar o seguinte cenário: o administrador simplesmente faz corpo mole para tornar a situação insustentável e contratar sem licitação.

Foi o que aconteceu na contratação do ITCI, Organização Social voltada para a cultura, que iria administrar o caos proporcionado por uma epidemia de dengue no município do Natal o ano passado. Os recursos enviados pelo governo federal foram disponibilizados em janeiro/2011, após estudo apontar Natal como provável capital a ser atingida pelo crescimento de casos da doença do mosquito. No entanto, apenas em março/2011, quando a situação era insustentável, a prefeitura efetivamente se moveu para habilitar uma instituição que, em tese, pudesse administrar a epidemia de dengue na cidade.

Com o assunto gravitando na vida dos cidadãos, nos jornais, a justificativa para contratar sem licitar foi solidificada. O ITCI, que acabou recebendo apenas 900 mil e viu seu gordo contrato de 8 milhões ser rescindido pela prefeita, após sofrer inúmeras críticas, entrou na modalidade de urgência.

A correria quando o assunto é criar uma relação entre o Estado e uma empresa/Instituição de Terceiro Setor, envolvendo recursos públicos, costuma não terminar bem.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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