Rio Grande do Norte, segunda-feira, 29 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 14 de agosto de 2012

O verdadeiro legado da copa

postado por Daniel Menezes

Jean Valério, secretário municipal da copa, e agora, Demétrio Torres, secretário estadual para assuntos da copa, admitiram que as obras de mobilidade, o chamado legado, não ficarão prontas.

Sem querer ser sensacionalista, mas a verdade é que a população foi enganada. Quando precisaram aprovar o projeto:

01. O governo não iria gastar um centavo com estádio. Tudo viria da iniciativa privada;

02. Machadão e Machadinho deviam ser derrubados para se fazer um  novo. Exigência da fifa;

03. Obras de mobilidade iriam transformar a cidade;

04. Natalenses irão enriquecer com o comércio durante o evento;

05. O Arena das Dunas será um estádio multi-uso;

06. Serão mais de 50 anos em 05, disse um Rosado.

Modelo que está se desenhando:

01. O Governo vai gastar 1,5 bilhões, somando os juros, e empenhou os Royaltis do petróleo. Caso não pague, a empresa leva o dinheiro do Estado;

02. A exigência se mostrou um engodo, como disse o arquiteto do machadão, que alegou ter conversado, pessoalmente, com representantes da FIFA. A escolha foi local. Na verdade, o Governo do RN quis só repassar o filé imobiliário da cidade para a dita iniciativa privada;

03. Obras de mobilidade não existirão mais;

04. Será feito um cinturão no entorno do estádio e tudo referente ao comércio será da FIFA;

05. Natal não lota o estádio do ABC, vai encher todo fim de semana um de 42 mil pessoas…;

06. Serão 50 anos de desenvolvimento 05, mas para os bolsos de quem…

ENGODO

Os Rosados acreditam que irão se reeleger por causa do estádio e da copa em Natal. Ora, pelo contrário. O ressentimento do norte-riograndense por ter sido enganado será imenso. O efeito será bem diferente do sonhado.

(FALTA) DE DEMOCRACIA

Não se trata pura e simplesmente de ser contra ou a favor da copa, mas de pensar também como as políticas públicas são pensadas e aprovadas no nosso estado.

As decisões não passam por ampla discussão. No máximo, uma conversa em Brasília entre meia dúzia de pessoas, ou mesmo um encontro num alpendre em uma casa de praia.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

One Response

  1. José Américo disse:

    Daniel, esse é o retrato de boa parte da política brasileira, em que decisões de (máxima) importância são restritas a grupos muito reduzidos. A Copa mesmo e as Olimpiadas, passaram por algum crivo sério da população, como um todo?

    Não creio, até porque houve muita resistência a realização desses eventos e não só de grupos de direita, conservadores, liberais, oposição, etc, mas de muita gente que defende o atual governo federal e simpatiza ou é notoriamente de esquerda.

    O problema maior do RN é que somos submetidos ao limite máximo da oligarquização do Poder, eternamente nas mãos de Maia, Alves e Rosados, com seus grupinhos anexos.

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