Rio Grande do Norte, segunda-feira, 29 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 16 de agosto de 2012

Biblioteca da UFRN fechada pela ignorância

postado por Daniel Menezes

O direito de greve é, se é que existe tal palavra, imexível. Uma conquista que deve ser preservada. No entanto, as razões que movimentam uma paralisação e seu modus operandi são passíveis de crítica.

Faz dois dias que os servidores da UFRN em greve fecharam a entrada da biblioteca Zila Mamede, a principal da instituição. Acampados, impossibilitam a passagem de funcionários e estudantes.

E aí, um questionamento é inevitável: como pode um movimento, que diz defender a universidade, impedir que centenas de alunos estudem?

COMO TRAGÉDIA, COMO FARSA…

Em 1968, o filósofo alemão Theodor Adorno, ao se deparar com uma revolta de estudantes, professores e funcionários, disse que não apoiaria um movimento que queima livros, fecha bibliotecas e salas de aula. Foi no nazismo a última vez que vi livros sendo queimados, disse o pensador.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

16 Responses

  1. Paulo Emílio disse:

    Pois é, Daniel, fui hoje lá para estudar e me deparei com aquilo.

    Direito à greve todo trabalhador deve ter. Porém, direito de coagir TODOS os trabalhadores a aderirem à greve é F#$%.

  2. Caio Cesão disse:

    Daqui a pouca folha de são paulo vira comunista e carta potiguar vira reaça.

    Também tenho as minhas críticas quanto à greve, mas acho que a manchete foi um pouco agressiva com os grevistas. Mais uma vez, transpareceu desrespeitoso por demais.

  3. Daniel Menezes disse:

    Caio,

    não é desrespeito. Desrespeito é, dentro de uma universidade, fechar a entrada de uma biblioteca. Desrespeitoso é tentar dar aula enquanto que grevistas utilizam busina de caminhão.

  4. Daniel Menezes disse:

    Se continuarem com esse jeito de fazer política dentro da UFRN, os grevistas conseguirão contrair só ódio e resistência da maioria daqueles que, de alguma maneira, se relaciona com a instituição.

  5. Leon Karlos Nunes disse:

    Não é de hoje que a condução das greves da UF são ineficazes (pra não dizer que são trágicas)… mas esse ano estão se superando.

    A lembrança de Adorno e de Marx foram muito oportunas…

  6. Pedro disse:

    biblioteca Zila Mamede

  7. Paulo Rolim disse:

    Pelo visto, o dignissimo cientista social mostra desconhecimento de causa e principalmente desinformação sobre a UFRN e o movimento grevista. Como pode uma pessoa que não sabe nem o nome correto da biblioteca da UFRN querer questionar o que ocorre dentro do campus? Muito menos fala sobre o direito de greve dos servidores? Amigo, procure se informar antes de criticar.
    Engraçado, a biblioteca ficar fechada por 2, 3 ou poucos dias deixa o cientista revoltado, mas o salário e as condições em que vivem os servidores e suas famílias não o revoltam?

  8. Para uma universidade tão reacionária como essa, e para intelectuais tão reacionários, lutar se torna crime. As ideias deviam se tornar perigosas outra vez. A radicalização da greve foi necessária, incomodar é preciso, como foi preciso nós estudantes ocuparmos a xerox uma vez contra o abuso do monopólio empresarial que existe hoje na UFRN – oh, somos pecadores também! Sou estudante e apoio a greve dos servidores. Bolsistas (que tomam responsabilidades de funcionários, que não podem faltar para um prova sem que sua bolsa seja descontada) estudantes e professores invés de ficar reclamando, deveriam se juntar a luta, como era o movimento estudantil e docente a 20 anos atrás. 34 categorias federais em greve. Ignorância? Estive ontem com os grevistas na biblioeteca, não é fácil estar ali, pessoas algumas delas já idosas, cansadas, mas na luta em defesa dos seus direitos. Ignorância não, EXEMPLO que me emociona. Vale lembrar que a UFRN é a única universidade federal fura greve, conhecida nacionalmente or sua realidade política. Orgulho? Vergonha? Será que é essa nova forma de “fazer” política que se quer fazer, da obediência, do comodismo, do governismo, da censura? Olha para contradição a sua volta. Para quem ver o setor II como uma cracolândia, insinuar-se contra grevista é pouco. Ademais, esse academicismo de gabinete, em julgar-se superior, de julgar os outros ignorantes, e você de posse desse conhecimento libertador: “biblioteca da ufrn fechada pela ignorância” – talvez eles não conheçam Theodor Adorno, proponho que sai do gabinete e vá conversar com eles sobre isso, conversar sobre os motivos porque ali estão, entender o cenário, quem sabe descer dessa posição bancária de professor, e também se dispor apreender, que jogar palavras numa revista eletrônica, sem a preocupação de ouvir o outro lado – o facebook está aí para isso. A teoria precisa de um pouco mais de vivência prática, de ética, não fechar-se numa bolha, numa panela acadêmica, fora as perseguições, os esquemas que corrompem a realidade universitária do status da reitoria a um DCE fajuto. Que os docentes e estudantes possam pensar nisso. Não esqueceremos!

  9. Caio Cesão disse:

    “Zilma” Mamede?

    Daqui a pouco confundem o nome da biblioteca com “Zilma Mamada”.

    De qualquer forma, o que gosto neste site é que eles não censuram as críticas, mesmo que árduas. Parabéns por isso!

    Torço pra que continue assim. Mas não vai me espantar se um dia “contratarem” o Reinaldo Azevedo para equipe dos colunistas.

  10. Daniel Menezes disse:

    Caio, Pedro e Paulo,

    foi um simples erro de digitação. Usar isso para desqualificar a minha crítica é algo questionável, não concordam?

  11. Daniel Menezes disse:

    Renato Galdino,

    impedir as pessoas de estudar é o melhor jeito de incomodar? Você acha isso reflexivo e condizente com a atividade de uma universidade e de quem diz defendê-la?
    Te digo uma coisa: nenhum, mas nenhum mesmo – citei apenas Adorno -, intelectual de esquerda aceitaria esse tipo de estratégia.
    Você pede para eu me questionar sobre as razões do movimento. Eu lhe peço para REFLETIR se as razões justificam fechar uma BIBLIOTECA.
    Os objetivos, por mais “nobres e justos” que sejam, não podem legitimar práticas que atentem contra a liberdade e a tentativa de libertação – e o ato de estudar é um deles – das pessoas.

  12. Daniel Menezes disse:

    Renato e Cesar,

    quero enfatizar que o espaço para defender a ação na Carta Potiguar é total… Uma coisa que a gente não abre mão é da pluralidade. Aqui isto é cláusula pétrea.

  13. Daniel Menezes disse:

    Caio, Pedro, Paulo e Renato,

    enquanto converso com vocês, me chega a informação/pressão de que a minha declaração de voto a Mineiro me trará problemas.
    Pensei que sofreria com a direita. Mas não! Um membro de um COLETIVO, que é unitário no diálogo e na diversidade de ideias, me pressiona para retirar o apoio no decorrer da eleição. Outro, o que se apresenta em entrevista como “o único Dr do RN”, o Bras Cubas, mandou dizer que as portas de concurso público estão fechadas para mim na UFRN.
    Tudo me foi passado por amigos em quem eu confio. Porém, não quero acreditar que tudo isso seja verdade.
    PS. Sou professor substituto da UFRN por três contratos e concluo o meu Dr no final do ano, quando poderei prestar concurso para me efetivar. O dito cujo já prometeu complicar o meu caminho.

  14. Daniel Menezes disse:

    Gostaria também de enfatizar que o voto em Mineiro foi meu, ou seja, de Daniel. Gustavo, que vai votar em Robério, me avisou que escreverá um texto, falando sobre a importância de votar no PSOL em Natal.
    Aqui na Carta Potiguar é assim. Democracia é difícil, mas quando a gente se acostuma, não tem nada melhor.

  15. Paulo Emílio disse:

    Cadê aquele botão com as opções dos comentários? Os comentários estão aleatórios, não dá para saber quem comentou o que. :/

  16. Daniel, aqui no Campus de Caicó a biblioteca só abre nas quarta feiras a tarde, para devolucao e emprestimo de livros; essa semana nem isso. os funcionários estavam de “ferias”;

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