Rio Grande do Norte, sábado, 18 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 10 de setembro de 2012

Presidente Nacional da OAB quer pedido de desculpas de Rosalba

postado por Daniel Menezes

Até agora, apenas o Jornal de Hoje repercutiu devidamente, com todas as informações, a agressão sofrida pelo movimento pacífico em prol da saúde, no 07 de Setembro, e a declaração do presidente nacional da OAB, Ophir Cavalcante, que solicitou pedido formal de desculpas da governadora Rosalba Ciarlini.

No 07 de Setembro, um movimento pacífico, que defendia a saúde, foi parado com truculência. A procuradora da fazenda nacional, Elke Cunha, além de outros manifestantes, foram agredidos.

 

Do Jornal de Hoje

 

O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Ophir Cavalcante, disse no final desta manhã que o Governo do Rio Grande do Norte deve “pedir desculpas” ao cidadão potiguar, por ter agido de maneira “incompatível” com a liberdade de manifestação assegurada pela Constituição Federal. O presidente da Ordem “lamentou” a agressão sofrida pela representantes da Ordem no Rio Grande do Norte, Elke Cunha, durante repressão da Polícia Militar a protesto em favor da saúde pública realizado nesta sexta-feira, durante o desfile cívico do 7 de Setembro. “Lamentável tudo isso. A OAB quer deixar externado o seu repudio a essa postura adotada por um segmento da PM do RN”, afirmou Ophir Cavalcante, que soube do episódio pelas redes sociais.

O fato ganhou notoriedade nacional em função da agressão sofrida pela procuradora da fazenda Nacional, conselheira federal e vice-presidente da Comissão de Direito Sanitário e Saúde da OAB Federal, Elke Mendes Cunha Freire. Ela e a presidente da Comissão de Saúde da OAB, Elisângela Fernandes, que está grávida, participavam como representantes da OAB de uma manifestação em favor da saúde pública no Estado. Na hora do tumulto, Elisângela chegou a gritar e implorar, pedindo para não ser arrastada nem pressionada, mas a PM teria agido de maneira agressiva, sem preparo, pondo em risco a sua vida.

Para o presidente da OAB, Ophir Cavalcante, o episódio demonstrou a “falta de preparo e capacitação necessária” por parte da polícia do RN, em “conviver com a democracia”. “Essa postura adotada por um segmento da PM do RN demonstra a falta de preparação e capacitação necessária para conviver com a democracia”, afirmou.

Segundo o presidente nacional da OAB, o Brasil precisa de uma policia cidadã, que efetivamente faça a prevenção e corrija o excesso, “mas numa manifestação popular, inclusive com pessoa grávida, sair empurrando e derrubando, é algo incompatível com a liberdade de manifestação que a Constituição prevê”, afirmou.  Para ele, “o mínimo que o governo do RN deveria fazer nesse momento era pedir desculpas ao cidadão potiguar por esta atitude que reputamos antidemocrática de parte da Polícia Militar do RN”.

RELATO

Para Elke Mendes Cunha, a polícia a agiu dentro do papel dela, à exceção de alguns policiais. “Na realidade, fizemos uma manifestação puxada pelo Sindicato dos Médicos e o Centro Acadêmico de Medicina, mas tinha todo pessoal envolvido com saúde, conselhos, sindicatos, e, nesse contexto, a OAB, por conta de defender os interesses sociais, foi convidada através da sua diretoria, e o presidente mandou uma comissão de saúde”.

Elke conta que a manifestação saiu de em frente da Assembleia Legislativa, tentou uma primeira vez seguir para onde estava indo a parada cívica, no Palácio dos Esportes, mas não deu. “Não estavam deixando a gente entrar nem onde estavam entrando os populares. Nós não tivemos acesso, mesmo onde populares tinham acesso. Ficavam barrando a gente”.

No final do desfile, porém, deixaram o grupo de manifestantes próximo ao local. “Nesse lugar, teve muita conversação com os policiais que estavam lá. Eles chegaram a dizer que no final deixariam a gente entrar no vácuo do desfile. Essa era a intenção, e tinha sido a primeira vez que deixariam a gente chegar próximo às pessoas”.

Elke relata, contudo, que os policiais iriam tirar as bandeiras e as faixas, e o grupo de manifestante entraria. “Eu estava atrás, entraríamos no vácuo. Mas no que a gente entra, houve divergência de comando, porque bloquearam. A gente entrou. O que me chocou foi que eles estavam empurrando a multidão, e a presidente da comissão de saúde, da OAB, Elizângela Fernandes, que está grávida, chorava e gritava, mas eles pressionavam, ela não poderia estar ali, gritando, pedindo para sair, dizendo que estava grávida. Quando foi para tirar a gente, teve os que empurravam e os que pegavam e derrubavam”, relatou.

Segundo Elke, a manifestação era pela saúde. “A saúde é que é o foco, e não o problema com a PM. Eu estava no meu papel, eles estavam no papel deles, alguns fugiram”. Para ela, a PM precisa de treinamento, especialmente “de não empurrar mulher grávida na multidão”.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

4 Responses

  1. O mais engraçado? o argumento de “impedir o direito de ir e vir” parece que só é válido quando existe protesto, quando é o Estado realizando desfiles (07 de Setembro) e incomodando a população, aí pode tapar tudo que é rua e via da cidade.

  2. Caio Cesão disse:

    Obviamente que isso reflete o estilo DEM/PFL/ARENA de governar, mas as instituições militares aqui do Brasil são um fiasco. Não é brincadeira a quantidade de marginal que entra nessa porcaria de instituição.

    Lembro de uma prova do concurso da PM que peguei que constava questões sobre copa do mundo, atores famosos, jogadores de futebol, dentre outras idiotices… daí se tem uma ideia do nível “intelectual” desses trogloditas.

    A desmilitarização é uma medida que se apresenta cada vez mais necessária. A forma com que essas pessoas são preparadas para exercer seu comportamento é desumana. Já não basta o nível precário das provas para ingresso na instituição, o que permite toda “qualidade” de gente pra entrar nela, daí, quando se entra, tais pessoas são tratados para serem verdadeiros animais.

    Já ouvi isso da boca de um colega da PM: “Policiais Militares se divertem batendo em pessoas”.

    É a triste realidade.

  3. janio gilvan disse:

    Caio cesar esta muito enganado quanto ao nivel dos que entram na PM, hj em dia quem entra ou tem ou esta concluindo o ensino superior. A indule de uma pessoa nao esta na profissao pois toda profissao tem gente que trabalha errado. E olhe que estamos falando de uma profissao que tem como finalidade tratar com pessoas o que nao tem maneira facil de exercer. Qualquer um que va lidar com mutidao sabe o que estou dizendo. Lembrando que os cidadoes que entram na PM vem da mesma sociedade que tanto critica nao vem de marte. Nao estou com isso defedendo a maneira que foi tratado os manifestantes, estou apenas defedendo os inumeros pais de famlia que tb sao tratados com truculencia por pessoas como vc que chamam de marginais e troglodita, ou isso tb nao e truculencia? Tb defendo a desmilitarizacao pois as primeiras vitimas do militarismo e o militar, que sofre asedio moral todos os duas e nao vejo ninguem falar sobre isso na imprensa, (inclusive fica aqui uma dica para a carta potiguat) em fim nao se deve generalizar um possivel erro, pois a principio a PM obdece ordens e se houve truculencia no comprimento da ordem tem que ser apurado.

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