Rio Grande do Norte, domingo, 28 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 16 de março de 2013

Gravidez x Vaidade

postado por Vanda Regina

 

Depois de ouvir de uma mãe, com os peitos cheios de leite, dizer que não amamenta para que seus seios não caiam… escrevi a reflexão abaixo.

Desde quando soube estar grávida que tenho meu peso regulado pelo obstetra. É bem verdade que as mudanças corporais provocadas pela gravidez, às vezes, me assusta. Mas eu penso? Estou grávida, como poderia não mudar nada? Fazendo dieta? Mantendo ritmo de ginástica? Não dá. O corpo muda. Por pouco peso que se ganhe, minha barriga cresce e meus peitos também.

O que não dá é para pensar que isso é o fim do mundo. E hoje, fico lembrando das marcas que ficaram em meu corpo: aos cinco anos, caí e bati com o queixo, ganhei uma cicatriz como lembrança da peraltice.  Aos 15 anos, passei por cirurgia e ganhei três cicatrizes na barriga. Depois dos 27 anos, ganhei quatro quilos que não consegui mais perdê-los, e também que meus dentes desalinharam, usei aparelho. Pertinho de completar 29 anos, percebi minhas linhas de expressão no rosto mais acentuadas, não faço nada, apenas uso protetor solar no verão. Aos 31 anos, me descobri grávida e logo pensei: também ganharei registros dela.

E penso: assim é a vida, nosso corpo carrega o registro de nossas experiências. Não temos como passar por tantas situações, sem levar o histórico, a memória e as marcas dos tempos vividos. Cuidar da alimentação, praticar atividade física regular e com prazer, alimentar à saúde e o espírito de boas práticas são hábitos saudáveis. Agora, enlouquecer para a qualquer custo para corresponder às chamadas dos padrões de beleza, nem pensar! Deixar de amamentar porque os peitos irão cair… por favor, que loucura é essa?  Cairão por força da gravidade de qualquer maneira. Para mim, padrão de beleza é sentir-se bem, saudável e feliz. Depois de grávida, minha maior preocupação é se serei uma boa mãe, se conseguirei educar meu filho para que ele se torne um homem de bem e feliz, se conseguirei me manter no mercado de trabalho e se conseguirei conciliar meu trabalho com a família, E sempre foi e será: se conseguirei me manter saudável para viver mais e melhor. E penso novamente: mas essa não deveria ser a preocupação de todas e todos? Cuidar-se, sem pressão externa?

Sim, entendo que deve ser difícil chegar aos 50 anos com rugas, barriga, cabelos brancos, enfim, com as marcas que anunciam a velhice. Penso que vale comprar um hidratante mais caro, comprar umas roupas bonitinhas para grávida, incluir academia, cortar o açúcar e farinha branca de seu prato. Porém, sacrificar a saúde de seu filho porque queres prolongar um aspecto de juventude?  Gente, somos reais, com vidas reais e desafios reais, e, cá entre nós, aos 30, não temos mais o corpinho (peitos) dos 15, portanto,  xô ditadura da beleza! Cuidar-se, sim, sacrificar-se e sacrificar a saúde de um bebê por vaidade…  simplesmente não dá!

 

Vanda Regina

Vanda Regina Albuquerque é jornalista , socióloga, ativista da AMB e sócia do Coletivo Leila Diniz/Natal-RN, atualmente trabalha na União e Inclusão em Redes e Rádio (UNIRR/SP). Contatos: vanda.jorn@gmail.com e no twitter: @vralbuquerque

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