Rio Grande do Norte, sábado, 27 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 5 de abril de 2013

Rosalba Ciarlini não é Micarla de Sousa: é pior do que ela

postado por Daniel Menezes

Rosalba Ciarlini não é Micarla de Sousa. Ainda que as duas não desfrutem de boa avaliação popular, as similaridades acabam por aí.

Micarla de Sousa simplesmente não tinha projeto político. Além de não contar com quadros minimamente preparados – o partido verde é verde –, tentou governar sem base de apoio. Rompeu com Robinson Faria, João Maia, Rosalba, Rogério Marinho e José Agripino, seus principais articuladores. Acreditou ser a nova liderança do RN. Pagou pela inexperiência e, como disse, pela total ausência de norte.

ro-e-miTentando resgatar a popularidade perdida, ainda ensaiou algumas medidas populistas, tanto para a classe média, como para os mais pobres, parcela da sociedade em que foi mais votada em 2008.

O restante da história é conhecido.

Natal teve de arcar com o seu próprio preconceito em relação à deputada federal Fátima Bezerra, ou alguém tem alguma dúvida de que, se Fátima tivesse sido eleita, a situação da cidade não seria outra?!

Já com Rosalba é diferente. Sua base eleitoral foi, principalmente, o campo. Mais do que Micarla, soube tecer relação com os setores mais conservadores do RN (paradoxalmente vem desagrando a ANORC, uma das associações mais representativas do atraso político no Rio Grande do Norte).

A Rosa, como é chamada pelos bajuladores, se notabiliza por endurecer como ninguém com os movimentos sociais, sindicatos e reivindicações sociais mais amplas. O resultado é um ambiente averso a qualquer possibilidade de diálogo democrático. Mais. A perda dos votos que obteve em 2012 entre as camadas mais urbanizadas.

Mas a força bruta na política também apresenta seus custos. A última governadora eleita pelo DEM está pagando por ter excluído, em início de mandato, o PSD de seu grupo. Agora, totalmente perdida – e de fato tutelada –, implora o apoio do PMDB de Henrique e Garibaldi, que estão sabendo tirar bom proveito da situação (eles são craques em “governabilidade”).

É compreensível que na luta os seus opositores falem em micarlização da governadora. Estão fazendo o seu papel. Entretanto Rosalba tem seu jeito próprio de administrar. Enquanto Micarla de Sousa foi um raio que caiu num dia de céu azul para ser esquecido (ou melhor, lembrado como mais uma invencionice das elites locais), Rosalba Ciarlini é a expressão de um projeto antidemocrático – às vezes, antirepublicano – e atrasado bastante claro. Que não seja subestimada.

A governadora foi à última e principal cartada do conservadorismo, algo que os setores médios de centro-esquerda devem atuar em conjunto em 2014 para derrotar. A oportunidade pode ser impar no RN.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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