Rio Grande do Norte, domingo, 28 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 14 de abril de 2013

Oblivion

postado por Mario Rasec

253017_568004313212751_1878549047_nEste ano parece haver um fértil retorno do cinema de ficção cientifica. Um retorno sempre bem esperado. Curiosamente, em ao menos três desses filmes, a Terra é um lugar abandonado ou habitado apenas por aqueles que não podem ir para um lugar melhor (essa forma de mostrar o planeta vem, talvez, desde o ano passado com o ótimo Cloud Atlas). E como o gênero sempre serviu para discutir o futuro da humanidade diante seus avanços tecnológicos e sociais etc., a forma como o nosso planeta é tratado nesses filmes poderia inspirar novas discussões.

Entretanto, Oblivion (2013) não se prende a questões filosóficas e se deixe levar por um tom “aventuresco”, com teorias da conspiração e cenas de ação. Mas mesmo que caia nos monótonos clichês de qualquer blockbuster americano, Oblivion traz uma trama intricada e interessante, embora este “intrincamento” ameace um pouco a fluidez da sua narrativa.

Oblivion é baseado na graphic novel do diretor Joseph Kosinski (Tron: O Legado). A Terra está devastada após uma guerra contra alienígenas, o resto da humanidade vive numa estação espacial ao redor do planeta e em Titã, uma lua de Júpiter. Enquanto isso, um casal tem a função de consertar droids para coibir a ação dos poucos alienígenas restantes e monitorar a segurança e o funcionamento de grandes máquinas que extraem energia dos oceanos. Entretanto, seu protagonista, Jack Harper (Tom Cruise) encontra, nos destroços de uma nave, a mesma mulher que assombra seus sonhos de um passado que ele acredita não ser o dele.

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Iniciando o filme com uma narrativa explicativa em off, acompanhada com uma música quase apoteótica, o filme já parece demonstrar o medo de que o público se perca  na complexa trama, que, na verdade, parte de uma base simplória: as lembranças românticas do seu protagonista acerca de uma mulher que ele encontra depois e sua jornada em descobrir sobre si mesmo.

Certos aspectos do filme lembram o ótimo Lunar (2009) do diretor Duncan Jones, mas um dos seus maiores atrativos é a ótima direção de arte que consegue equilibrar a asséptica tecnologia futurista com um planeta desolado, mostrando as ruínas de Nova York quase completamente enterradas, deixando sobressair, apenas, o topo de algum arranha-céu, partes de prédios e pontes que se confundem com o terreno deserto.

No entanto, apesar de sua trama interessante, seu potencial para um filme de ficção científica memorável é, infelizmente, prejudicado pelos clichês típicos das superproduções hollywoodianas. Isto faz com que Oblivion seja adequado apenas como um bom entretenimento, sem que se permita discussões mais interessantes. A não ser o questionamento, citado no começo deste texto, sobre a escolha das novas produções de ficção cientifica em mostrar a Terra como um personagem que remete à nostalgia e ao abandono.

Mario Rasec

Designer gráfico, artista visual, ilustrador e roteirista de HQs. Autor de Os Black (quadrinho de humor) e de outras publicações.

One Response

  1. Mário,
    Adorei o filme, especialmente no que se refere às citações, por exemplo, a 2001. Por mim, poderia ser uma continuação bem feita de 2001, aliás.

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