Rio Grande do Norte, sexta-feira, 17 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 22 de agosto de 2013

Autoritarismos (pseudo) progressistas

postado por Daniel Menezes

Está sendo instituído que: se alguém discorda da atuação institucional de um terceiro, basta acampar na frente da casa dele.

Se não compartilha de uma política pública? Ocupe a rua do dito cujo e incomode familiares e vizinhos.

Se o gestor não negocia como esperado com servidores? Não deixe nem ele sair nem entrar em sua residência em paz.

Vamos prosseguir com a “lógica”? Se o professor está dando uma aula ruim? Deu uma nota inadequada? Teve uma conduta considerada reprovável por alguém? Monte uma barraca em sua porta.

Se um médico seguiu linha diversa da tida como correta? Coaja.

Divergiu de um líder partidário? Do diretor de uma empresa? De um representante sindical? Não teve um pleito atendido? Foi desrespeitado por um jornalista? Tranque o portão alheio.

É este estado de natureza com um ar justiceiro que querem justificar como progressista no Rio de Janeiro e em Natal com as ocupações da casa do Cabral e de Rosalba Cialini.

Há muitos canais e meios institucionais inventados e gerados pelo ambiente democrático para tanto, para separar a vida pessoal da atuação pública. Para preservar a sociedade e os cidadãos. No entanto, joguemos tudo isso no lixo e partamos para o confronto direto. Quem sabe, na base da bofetada, né não?!

PS. Não se trata aqui de negar o conflito político. Apenas, de repente, de defender a disputa em outros termos, digamos, um pouco mais civilizados.

PS.2. Do ponto de vista eminentemente estratégico, a ação representa um tiro no pé. Ao invés de publicizar a pauta dos grevistas, o acampamento só permitirá o semblante de que o dito movimento é radical.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

5 Responses

  1. Bárbara Carvalho disse:

    Com todo respeito, discordo do posicionamento apresentado, que
    quando se discorda da atuação política basta acampar na frente da casa de
    alguém (político). Traz como exemplos, ao meu vê, completamente divergentes ao
    caso analisado. Não tem como comparar uma nota, ou uma divergência com certo
    professor com a situação do Estado do Rio Grande Norte. Em segundo momento, o
    ato não é uma discórdia da atuação política da governadora Rosalba, até porque
    não existe atuação política. Os cidadãos não estão discordando da política
    apresentada pela governadora, ela não tem apresentando nada! Além disso,
    demostrou no seu governo reflexos da ditatura, quando por muitas vezes tentou e
    tanta impedir as manifestações. Agora falar que existe meios civilizados de
    pleitear algo – que diga-se de passagem, tudo que a população reivindica já
    está assegurado pela Nossa Carta Magna – acho utópico! Estou aqui tentando
    imaginar o que você considera como civilizado. Imagino que civilizado, seja
    fazermos uma documento oficial pleiteando da seguinte forma: Por favor,
    governadora queremos saúde! Por favor, governadora queremos educação! Por
    favor, governadora tente mandar recursos para sistema penitenciário! Dentre os
    outros mil requerimentos, a ilustre governadora pronuncia-se: Meu amado povo
    potiguar, infelizmente não temos recursos, o governo passado deixou as finanças
    no vermelho, a prefeitura não tem feito sua parte, o governo não mandou a verba
    prometida, continuarei lutando por toda população, tenham paciência, afinal o
    que são algumas vidas perdidas (nas filas dos hospitais), com tudo que ainda
    está por vim para população. Brincadeiras a parte, não existiu e não existe
    revolução e mudança política sem manifestação e caos, ultrapassando muitas
    vezes, o que já conceituamos como civilizados.
    Não sei se surtirá efeitos o acampamento na frente da casa da governadora,
    mas quem está lá, pelo menos, está tentando mudar alguma coisa.

  2. Bárbara Carvalho disse:

    Com todo respeito, discordo do posicionamento apresentado, que
    quando se discorda da atuação política basta acampar na frente da casa de
    alguém (político). Traz como exemplos, ao meu vê, completamente divergentes ao
    caso analisado. Não tem como comparar uma nota, ou uma divergência com certo
    professor com a situação do Estado do Rio Grande Norte. Em segundo momento, o
    ato não é uma discórdia da atuação política da governadora Rosalba, até porque
    não existe atuação política. Os cidadãos não estão discordando da política
    apresentada pela governadora, ela não tem apresentando nada! Além disso,
    demostrou no seu governo reflexos da ditatura, quando por muitas vezes tentou e
    tanta impedir as manifestações. Agora falar que existe meios civilizados de
    pleitear algo – que diga-se de passagem, tudo que a população reivindica já
    está assegurado pela Nossa Carta Magna – acho utópico! Estou aqui tentando
    imaginar o que você considera como civilizado. Imagino que civilizado, seja
    fazermos uma documento oficial pleiteando da seguinte forma: Por favor,
    governadora queremos saúde! Por favor, governadora queremos educação! Por
    favor, governadora tente mandar recursos para sistema penitenciário! Dentre os
    outros mil requerimentos, a ilustre governadora pronuncia-se: Meu amado povo
    potiguar, infelizmente não temos recursos, o governo passado deixou as finanças
    no vermelho, a prefeitura não tem feito sua parte, o governo não mandou a verba
    prometida, continuarei lutando por toda população, tenham paciência, afinal o
    que são algumas vidas perdidas (nas filas dos hospitais), com tudo que ainda
    está por vim para população. Brincadeiras a parte, não existiu e não existe
    revolução e mudança política sem manifestação e caos, ultrapassando muitas
    vezes, o que já conceituamos como civilizados.
    Não sei se surtirá efeitos o acampamento na frente da casa da governadora,
    mas quem está lá, pelo menos, está tentando mudar alguma coisa.

  3. Assessoria Sindsaúde disse:

    Porque estamos em frente à casa de Rosalba

    Os servidores da saúde decidiram fazer uma
    ocupação em frente à residência da governadora Rosalba Ciarlini. Após um
    ato conjunto com os professores estaduais, que também estão em greve,
    os servidores decidiram permanecer no local, para exigir a reabertura
    das negociações com o governo.

    Assim como o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, a governadora
    divulgou uma nota na qual insiste em afirmar que o governo está aberto a
    negociações e classifica o movimento de intimidatório, como um “ataque
    pessoal”. Não por coincidência, os dois são os governadores mais
    repudiados do Brasil.

    A verdade é que o protesto e a ocupação ocorrem justamente porque o
    governo Rosalba tem se recusado a negociar com os servidores em greve e
    tem tentado intimidar os grevistas, através do corte do ponto.

    Nestes 21 dias de greve, fomos recebidos apenas uma vez pela Comissão
    Permanente de Negociação, na qual faz parte a Secretaria de
    Administração, e que tem poder de decisão sobre os principais pontos da
    nossa pauta. Após esta única reunião, o governo suspendeu as
    negociações, que só continuariam com o fim da greve.

    O sindicato chegou a enviar uma contraproposta, com cinco pontos, mas o
    governo não se comprometeu sequer com esta pauta de emergência. Na
    segunda-feira, 19, enviamos novo ofício, solicitando a reabertura das
    negociações, para o qual não tivemos resposta.

    Em vez de negociar, o governo tem, de forma inconsequente, reprimido a
    greve, pressionando as direções a entregarem a lista dos grevistas. A
    ponto de as chefias do Walfredo Gurgel, na tarde de hoje, se recusarem a
    entregar estas listas. Ao ameaçar com corte de ponto e com o pedido de
    ilegalidade da greve, Rosalba pratica um assédio moral coletivo, para
    coagir e forçar os servidores a não aderirem ao movimento. Nada mais
    intimidatório e intolerante do que isso.

    Os servidores apelam ao bom senso da governadora. Reabra as negociações e
    atenda aos cinco pontos de nossa contraproposta. É o que esperam os
    servidores e os usuários do SUS, que sofrem não apenas em período de
    greve, mas todos os dias do ano.

    Nossa luta é pela saúde pública e gratuita, para acabar com o caos e a
    falta de condições de trabalho. Não se pode pedir mais paciência a quem
    trabalha em hospitais com corredores lotados de pacientes, sem os
    medicamentos básicos, e ainda tem o ponto cortado simplesmente por estar
    lutando por seus direitos. O que os protestos de junho mostraram é que
    os governantes só agem diante da pressão do povo. Por isso, o
    Sindsaúde-RN permanecerá em frente à casa da governadora.

    Natal, 21 de agosto de 2013

    Sindicato dos Servidores da Saúde do Rio Grande do Norte

    Filiado à CSP-Conlutas

    http://www.sindsaudern.org.br

    # Veja fotos do protesto e da ocupação

  4. Maria Jose disse:

    Sou leitura assídua de sua coluna, e tenho gostado muito. Mas hoje, Daniel, discordo. Acho que a ocupação às casas dos digníssimos é mais do que legítima. Não sei como isso não foi feito há mais tempo. É o sinal político de um limite mais que ultrapassado. Rosalba e Cabral estão dando continuidade à formas de gestão politica elitistas, privatista e corruptas, sendo, permissivos com a gestão do dinheiro publico (meu dinheiro, seu dinheiro). Rosalba e Cabral ocupam todos os dias a casa e o cotidiano de milhares de professores que ganham 800 reais para adoecerem de tanto dar aulas. Se essas ocupações não tem sido bem administrada, isso é outra coisa. Mas não não abro mão desse direito. Abraço, Maria Jose
    ps- pra não perder a oportunidade. há anos, cabral e rosalba (e tudo o que representam) expulsam moradores de seus bairros, desocupação forçada, para um projeto de cidade particular, por que eles também não podem ter sua vida atingida pela politica que optaram.

  5. Elis disse:

    Acho a discussão “ocupa a casa dos governantes/não ocupa a casa dos governantes” desnecessária!

Política

A greve dos professores e o direito à preguiça

Política

Sobre autoritários (pseudo) progressistas e a pequena política de ocupação da casa da governadora