Rio Grande do Norte, sábado, 18 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 2 de março de 2012

A hora do Mução ou do preconceito?

postado por Daniel Menezes

Ouvindo o programa do mução, senti vontade de publicar mais uma vez o texto abaixo. Ainda que você não concorde – e tem todo o direito se achar por bem – e seja o maior fã do programa, pelo menos se (me) dê a chance do contraditório.

 

A hora do Mução ou do preconceito?

 

O que pensar de um programa de rádio que ridiculariza os pobres, faz “pouco caso” de pessoas que vivem de um salário, chamando-os em um tom jocoso de assalariados, e, para terminar o preconceito de classe, ataca – pegadinha se quisermos utilizar o eufemismo utilizado – os defeitos físicos e os costumes daqueles menos afortunados?

Sim, eu me refiro ao programa do Mução. Veiculado nacionalmente por emissoras de rádio em cadeia, o Mução desperta a risada de muita gente, inclusive – não tenho porque mentir, dado que escrever estes textos são terapêuticos para mim – a minha.

Mas vamos sair de nossos esquemas comuns. Será que é uma atração que provoca a alegria inocente? Ao tentar refletir um pouco mais sobre o assunto cheguei à conclusão, e é apenas um ponto de vista ensaístico, que não.

Mução, que é interpretado por um comediante com raízes natalenses, abre o programa importunando alguém, passando para esta pessoa um trote. Se você prestar bem atenção, se trata sempre de pobres, mas nunca de um professor universitário ou de um empresário.

Na medida em que a “diversão” se desenvolve, mais pessoas são chateadas ou incitadas a atacar outros cidadãos – sim, são cidadãos, sendo desrespeitados.

A “hora do Mução”, não deixando a tônica perder a coloração, ataca deficientes físicos, mulheres, homossexuais e pessoas com algum retardo mental. Mução, líder de uma turma com outros personagens, tem sempre uma piada pronta contra a “lacraia”, o “mudo”, o “fanho” e o “candidato”.

No final do programa vem o seu quadro mais famoso – a pegadinha do Mução. Ele saca o telefone e disca novamente para alguém. A idéia é enrolar o máximo que puder para chatear até limite o indivíduo e, quando a pessoa não agüentar mais, mencionar o apelido daquele que recebeu a brincadeira. Pronto! Verruga de Baleia, Carretel de Mel, ou mesmo Twit Estou
rado ficam furiosos e começam a xingar o radialista. Este, por sua vez, liga outras vezes com o intuito de irritar ainda mais o “escolhido”. E, depois que o troteado fala todos os impropérios possíveis e bate o telefone na cara do Mução, o programa acaba.

Mais uma vez, nunca vi uma pegadinha com um engenheiro ou com um médico. Sempre pessoas pobres. Sempre defeitos físicos. Sempre brincadeiras com os costumes daqueles que tem menos condições de se defenderem de uma situação dessas. E quando falo em condições de defesa, me refiro ao fato de que estas pessoas tem menos acesso a arguição jurídica, que é o modo predominante com que resolvemos as nossas questões hoje.

Reflitam. Se isto não for racismo e ele não estiver reproduzindo uma visão preconceituosa de mundo, em suas várias manifestações, eu não sei mais o que é..

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

19 Responses

  1. Nino-lima disse:

    Eu como pobre nao me sinto nenhum pouco ofendido,pelo contrario eu gosto muito do programa pois ele e a imagem pura do nordestino,cheio de alegria e simplicidade.Muito pior senhor são os programas de humor da grandes emissoras de tv brasileira que usam mulheres seminuas apelando para ter mais audiencia.Eu respeito sua opiniao mas acredio que vc esta generalizando muito.

  2. Tiago Cantalice disse:

     Daniel, você afirma que é um ponto de vista ensaístico, mas conclui taxativamente e não deixando espaço para outras hipóteses.
    O humor do Mução é voltado para os pobres, por isso a brincadeira feita sempre com populares. Se você quer piada com médico e professor tem que assistir o terça insana, CQC, etc. De todo o modo, a figura do pobre é trampolim para o humor há muito tempo, não é criação de Mução. Ao meu ver o tom pejorativo era muito mais forte e sem graça com Falabela, no Sai de Baixo. Aí sim, estávamos diante de uma questão de classe.
    Não concordo também com a associação de preconceito e discriminação a racismo. Racismo é um tipo específico de preconceito.
    É muito mai vergonhoso e sintomático das nossas hierarquias sociais, as piadas feitas por Danilo Gentilli, Rafinha Bastos e companhia. Esses sim, representantes de uma mídia poderosíssima. O humor pseudo-crítico desses comunicadores esconde (nem sempre tão bem) o reforço de preconceito contra gays, negros, mulheres, deficientes, etc. Taí um bom mote para discussão entre humor e preconceito!

  3. Sadino disse:

    Eu não acho que seja uma coisa de racismo. Pessoalmente, também não gosto de piadas do tipo do Mução, mas não tenho nada contra também. Acho que vivemos tempos muito politicamente corretos, onde todo mundo tenta não pisar no calo de nenhuma minoria com medo de ser processado. As pessoas que falam à vontade, acreditando que tem todo o direito de se expressarem, são crucificadas por isso. E na real, só é preciso entender que tanto Mução, quanto CQC e Rafinha Bastos (já que eles não são mais a mesma farinha) são apenas humoristas. O trabalho deles não é falar a verdade, mas exagerá-la, distorcê-la. A intenção não é levar a sério, se é que vocês me entendem…

    • leonardo-pe disse:

      chamar Rafael Bastos de”Humorista”é um atentado a nossa inteligencia!perdeu uma boa oportunidade de não falar besteira!

  4. Susana Dantas disse:

    Eu corcordaria c vc, a partir do momento em que os próprios assalariados se sentissem ofendidos e, como professora de rede pública de ensino, tenho muito contato c essa classe menos favorecida financeiramente e o q vejo é, mais do q uma admiração, uma verdadeira adoração a esse artista da terra. Confesso q n vi muitos trotes, sobretudo, esse q fala sobre defeitos físicos, mas isso, teoricamente, eu acho agressivo, sim, pq, infelizmente, nem todos os portadores de deficiência são bem resolvidos e bem-humorados como Geraldo Magela, por exemplo.
    E com relação ao comentário de “Tiago Cantalice”, achei mto pertinente o argumento de q o alvo das piadas são, em grande parte, dos q fazem a audiência do programa. Eles se identificam c as situações relatadas nos trotes e acham isso divertidíssimo! Acho super saudável q a pessoa possa rir pelo motivo q poderia lhe trazer vergonha e tristeza, no caso da pobreza. Mas discordo do comentário anterior, qdo ele mensiona Miguel Falabela de forma negativa. Então significa q pobre pode falar mal de pobre e de rico q é engraçado, mas rico falando de pobre é sem graça?! Acho, essa, uma forma de discriminação. Eu o achava engraçadíssimo, em sua personagem e n acho q teria motivos p ser + agressivo q Mução. Minha opinião c relação a ambos é a mesma.

  5. Susana Dantas disse:

     Eu sou do tipo q considera q deve ter um limite no humor, mas, vivemos numa sociedade tão hipócrita q estão encurtando, cada vez mais, esse limite, fazendo do humor uma coisa negativa, pois as pessoas gostam de rir quando falam do vizinho, mas quando ele se sente alvo da piada, a graça já é inexistente.

  6. Biguilho disse:

    Quem ainda precisa de rádio, hoje em dia?

  7. Joel Veras disse:

    Ridículo, esse é o nome que se dar a esta matéria.Não tem nada de preconceito com “ A Hora do Mução´´, Mução é cultura , assim como ele também o Renato Aragão, Chico Anysio, Tom Cavalcante dentre outros que se deram bem no humor brasileiro seja ele com pobre ou rico. Portanto, o Sociólogo Daniel Menezes foi muito ruim na sua opinião de que o Mução era racista ou coisa do tipo, só mais um coisa , porcaria mesmo é aquele BBB , CQC e o PÂNICO NA TV e outros LIXOS que passam na TV aberta ! e não meu querido MUÇÃO !

  8. Eisenhower777 disse:

    Primeiramente são terceiros que mandam as pegadinhas, não o vulgo “Mução” que olha em sua “bola de cristal” e liga. Não sou defensor de ninguém, mas devamos nos atentar com coisas piores, pois o homem é única imperfeição desse mundo caótico.

  9. Paulo Soares disse:

    Daniel a última vez que tivemos um Sociólogo Governando este País por oito anos, este não fez grandes coisas, que o diga, hoje a Saúde, Educação, Segurança, Sistema Prisional, a infame e má distribuição de renda e por ai vai. E agora me deparo com esses seus comentários de falso MORALISMO, é de lascar… Agora o povo nem sorrir pode mais… Acho eu que em sua cidade tem outros assuntos muito mais sérios para vc tratar do que uma simples brincadeira dese Radialista. Sociólogo Daniel, Vai procurar o que fazer!!!! Vai….

  10. Wilker Fontes disse:

    Não acho preconceito,porque são os próprios amigos ou familiares que envia a produção do programa o apelido da vítima,onde trabalha ,onde mora,se responsabilizando por tudo.
    Depois da Pegadinha a produção informa a vítima que ela foi alvo da pegadinha,enviada pelo amigo ou familiar.
    E a própria vítima autoriza se a pegadinha será transmitida ou não,portanto não vejo nada de preconceito,tendo o direito de discordar de sua Opinião

  11. Kikadinha disse:

    as palavras do sr, com todo o teu conhecimento, com toda a tua formaçao ate me tocou,
    soa um pouco a discurso de candidatos a cargos politicos, e eu a respeito, porem vou aqui dizer pra mim qual é a maior falta de rspeito e preconceito em que as maiores vitimas sao os pobres, e que todos calan-se…….
    onde estao os nossos direitos constitucionais???
    SAÚDE, EDUCAÇAO,SEGURANÇA….etc
     o povo brasileiro nao se respeita e é por isso que nao é respeitado,
    um povo que elege para determinados cargos politicos(com altos poderes e salarios) pessoas que estao numa lista de procurados pelo FBI e INTERPOL,(sr PAULO MALUF) estao pedindo para serem gozados.
     o MUÇAO esta muito rico, e se calhar usou este e só este meio para arrecadar o dinheiro k hoje tem, enquanto que a maioria dos politicos jamais conseguiriam explicar a origem de suas riquezas.
     

  12. Não acho preconceito. Não concordo com sua colocação.
    Mas apelativo que o Programa Panico não existe.

    • Deiverson disse:

      E os políticos continuam roubando, os bandidos matando e estuprando e este cidadão preocupado com o mução. Brasileiro é foda…

  13. Carlos Eduaro disse:

    Esses sociólogos… Se defender deles, daqui a pouco se você der um gargalhada na rua, vão te taxar de preconceituoso com que não tem dentes. Tem coisa mais importante do que ficar perseguindo humoristas. Olha lá a roubalheira em Brasília…

  14. Cláudio disse:

    Essa é a gerações do mimimi. Nem conseguir ler todo o texto, so besteiras e com colocações infundadas.

  15. mesquita disse:

    Tem tanta coisa nesse pais pra se comentar,vai procurar dar suas opiniões esdruxulas para esses politicos ladrões pelo menos ele nao esta enfiando a mao no bolso de ninguem,pelo contrario mução traz alegrias para o brasil inteiro.Voce fala de engenheiros medicos e bla bla bla sao esses entedidinhos que estao la em cima no poder enfiando a mao no seu bolso.
    Vai procurar o que fazer rapaz.

  16. Daniel disse:

    Ridículo, nunca vi texto mais ridículo e enfadonho, que nojo dessa geração…

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