Rio Grande do Norte, domingo, 28 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 2 de junho de 2012

Alipio de Sousa Filho concede entrevista ao DN sobre criação de banheiro unissex na UFRN

postado por Carta Potiguar

Do Dnonline

 

O que o senhor, enquanto estudioso das questões de gênero e sexualidades, achou da criação de um banheiro unissex no Departamento de Artes da UFRN?

 

É uma iniciativa interessante, embora não seja uma novidade. Em muitas partes, no mundo, existem banheiros que são de uso comum por homens e mulheres. Mas são banheiros unissex individualizados, não coletivos, o que pode se tornar impraticável, se é que não já é em sua estrutura.

Como justificar a existência de um banheiro para ambos os sexos?
A criação, na UFRN, foi uma resposta a um ato de discriminação praticado contra um transexual que procurava utilizar o banheiro feminino. Um funcionário da segurança do prédio teria alertado o transexual que não poderia usar o banheiro destinado às mulheres. De fato, um ato de violência simbólica que é comum ocorrer no nosso país, por força da ideologia de gênero a que todos nós somos submetidos na educação que recebemos. O banheiro unissex coletivo terá seu efeito simbólico e pedagógico para o questionamento a fronteiras de gênero socialmente construídas e que podem, ao menos no nível simbólico, ser problematizadas. Na vida cotidiana, não creio que um banheiro unissex coletivo surta o efeito esperado. Homens e mulheres, independente de suas opções sexuais e construções de gênero, têm corpos com anatomias e fisiologias diferentes e culturalmente produzidos nessa diferença e esse não é um fato que se pode desprezar na hora do uso do banheiro. Já um banheiro unissex individualizado é uma alternativa que me parece mais viável.

Ninguém vai ficar constrangido de usar o banheiro?

O banheiro unissex coletivo pode produzir constrangimentos, em razão de fatos que não são simples: homens e mulheres, independente de suas opções sexuais e construções de gênero, têm corpos com anatomias e fisiologias distintas, não sendo o caso de imaginar que utilizam o banheiro da mesma maneira. São questões práticas (mas da construção cultural humana também!) que não se pode deixar de pensar quando se imagine o banheiro unissex coletivo. Diferentemente, volto a repetir, é a experiência do unissex individualizado: um usuário de cada vez, homem ou mulher, lésbica, gay, travesti, heterossexual, com pênis ou vagina, que terá a seu dispor um banheiro equipado com diversos equipamentos.

Por que se polemizou o assunto na UFRN, se há esse uso em outros locais?

É que, no caso da UFRN, o banheiro é coletivo unissex, com os problemas que apontei. Nos diversos locais que se têm banheiros unissex, eles são individualizados: homens e mulheres utilizam o mesmo banheiro, mas um de cada vez. Isso é muito mais prático e cumpre a mesma função simbólica do questionamento das fronteiras de gênero. Um outro problema no caso da UFRN, é que a novidade pode vir a se tornar o contrário de sua pretensão: ao invés de ser algo emancipatório, como pretende, pode vir a se tornar algo profundamente conservador e servir ao controle ideológico e moral. Pode vir a se tornar o banheiro de travestis e transexuais ou de homossexuais cuja identidade com o feminino é mais forte, levando-os a pensar queo “terceiro banheiro” é o que lhes é apropriado. Uma conversão perigosa, reificadora da ideia ideológica segundo a qual os seres humanos estão divididos por espécies sexuais distintas, cada uma devendo ter o seu banheiro. De fato, a subversão está nos banheiros únicos, equipados para homens e mulheres utilizarem, cada um a cada vez, com uma única identificação na porta: banheiro.

Carta Potiguar

Conselho Editorial

16 Responses

  1. Spunk788 disse:

    DEveriam ter avisado ao funcionário da segurança que qualquer transexual tem o direito de usar o banheiro que quiser. 

  2. Luiz disse:

    Não sou conservador não, mas, com todo respeito, é uma atitude tremendamente imbecil essa de criar um banheiro para ambos os sexos.

    Não sei o que diabos um cara desse tem na cabeça pra concordar com uma coisa dessas.

    O pior de tudo é que esses idiotas sempre vem com essas comparações estúpidas:

    “na Europa tem saúde pública de qualidade (mas no Brasil não tem, analfa!!)”

    “na Finlândia têm carga horário de trabalho reduzida (mas aqui é o desgraçado Brasil, infeliz)”

    “no Canadá posso passear a cidade inteira, a pé, mesmo de madrugada (Aqui no Brasil tu voltas pra casa nu)”

    E outros mimimis…

    Esses idiotas têm que entender que essas coisas (banheiro unissex) em outros países é uma avanço decorrente do alto nível educacional que essas pessoas têm.

    Agora querer comparar o Brasil com os países avançadíssimos da Europa, é, simplesmente, uma…. uma… diarreia mental fora do limite permitido.

    • Felipe disse:

      Caraca, Luiz. Você tem coragem de começar seu discurso dizendo que não é conservador? Parabéns. Contradição total. Mas veja: se o Brasil não tem realmente  nível educacional de muitos países europeus ( lembre que o leste europeu não é tão desenvolvido assim) começar por uma universidade não é um ótimo principio de mudança de quadro? Pra mim é…

  3. Bibus disse:

    será que o professor alipio tambem vai se divertir nesses novos banheiros?

  4. antonine disse:

    em breve vão castrar os sexos e deixar que cada um escolha se vai ter pinto ou racha. fascistas da liberação.

  5. Ordem disse:

    Falta de vergonha na cara, acho isso, as diferenças devem ser respeitadas, mas pra que criar mais diferenças? Banheiros por causa dos transexuais, daqui a pouco, vai ter pra esquizofrênico também, pois a transexualidade é considerada pela OMS como transtorno de identidade de gênero, ou seja, doença, sendo assim, deve-se se tratada como tal. Pra finalizar:

    Essa sexualidade invertida aparece espontaneamente, sem causas externas, com o desenvolvimento da vida sexual, como manifestação individual de uma forma de vida sexual anormal e tem a força de um fenômeno congênito; ou se desenvolve como uma sexualidade que no início era normal, mas que, como o resultado de influências danosas, se comporta como anomalia adquirida (VON KRAFFT-EBING, 1999, p.288)

    Acabem com os banheiros unissex da UFRN, vergonha TOTAL, vamos mudar, mas preservar valores.

      

    • Daniel Menezes disse:

      Caro, faz tempo que a transexualidade deixou de ser doença.

      Acredito que você está atrasado uns 50 anos.

  6. flavio rezeli disse:

    IDEIA OTIMA! DEPOIS PODEMOS TAMBEM PROMOVER SURUBAS HOMOSEXUAIS NOS BANHEIROS DO CENTRO DE CONVIVENCIA E SETOR 2! VALEU ALIPIO!

  7. Norton disse:

    Com tantos problemas na UFRN, é com isso que os pseudo-revolucionários estão se preocupando? É uma pena. Cada gênero possui sua individualidade, sua privacidade. Uma mulher, por exemplo, não é obrigada a ver um homem colocando seu pênis para dentro da calça após urinar no mictório. O comportamento feminino, no banheiro, é diferente do masculino. Respeito às diferenças, sim, mas querer demonizar comportamentos “bobos” é futilidade. Existem maneiras muito mais inteligentes de prover respeito aos transsexuais da UFRN. Ademais, sabemos muuuuito bem o que acontece nos banheiros do Setor II. Imaginem ai se juntarem tudo. Besta é o galo, que acorda cedo. 

    • Mario disse:

      Meu caro, ninguém é obrigado a frequentar os banheiros unissex dentro da UFRN. A ideia do banheiro surgiu com as discussões dos movimentos sociais existentes na UFRN e se concretizou quando, MAIS UMA VEZ CASOS DE HOMOFOBIAS SE FIZERAM PRESENTE  na instituição. Não entendo suas preocupações e do professor que deu essa entrevista: afinal de contas, só usa o banheiro quem se sentir à vontade para fazê-lo. Creio que essa conquista naõ atrapalhará em nada caso UMA transexual, UMA travesti, um hétero, um homossexual, ou seja lá quem for quiser utilizar esse lugar ou outro banheiro nos moldes da divisão binária de gênero.

      É comum sempre ouvirmos críticas sugerindo mudanças na forma de de se tratar ou levar a militância social de qualquer ordem. Pena que essas críticas param por aqui: não tem conteúdo e nem sequer prospostas sugerindo rumos, coisa que vc manda na sua mensagem.

      Diferente de alguns universitários que durante toda a vida acadêmica pregam suas bundas nas carteiras e passam quatro ou cinco anos engolindo e reproduzindo teorias (muitas vezes sem entendê-las), nós, “pseudos-revolucionários” como vossa pessoa nos intitulou, estamos propondo a sociedade uma forma de pensar  onde todos sejam contemplados, sem prejuízos a ninguém.

      No mais, convido você a curar suas homofobias diluídas na sua boa escrita e convido-o a entender as causas sociais urgentes que surgem na nossa vivência.

      • norton disse:

        A verborragia dos pseudo-revolucionários é mesmo frenética. Onde foi que eu demonstrei homofobia? É assim que vocês trabalham: na base do vômito e da tagarelice. Ai vem você dizer que ninguém vai ser obrigado a usar os banheiros da UFRN caso eles sejam unissex? Ah, faça-me o favor! Quer dizer que, se eu quero fazer minhas necessidades na UFRN, vou ter que engolir o velho “os incomodados que se retirem”?? O nome disso é TIRANIA e não se difere em nada da imposição da direita ultraconservadora.  A DIFERENÇA DE GÊNEROS EXISTE SIM e deve ser respeitada. Como eu disse, as mulheres não são obrigadas a verem pênis alheios ou a deixarem de prender seus sutiãs em paz  por PURA vontade de inovação. Todos aqui querem uma sociedade igualitária, mas isso não significa que os problemas  (como no caso do transsexual) devam ser resolvidos de forma IRRACIONAL  e PARCIAL (sim, parcial. a vontade de uns pode ser o incômodo de outros; e isso vocês, pseudo-muitas-coisas, não enxergam). O transgênero em questão deve sim procurar seus direitos e levantar a bandeira da conscientização social, mas não é de uma forma TOSCA que seus problemas serão resolvidos. Estou começando a achar que a UFRN não tem problemas para que os (pseudo) revolucionários se ocupem. Realmente, não faltam professores nem equipamentos técnicos; realmente não falta estrutura, nem livros, nem transporte de qualidade. Então, vamos nos preocupar com banheiros unissex e atropelar o DIREITO à individualidade de gêneros. Aloprados.

        • Mario disse:

           Fala demais por não ter nada a dizer..

          Apesar de coletivo, as cabines são individuais e servirão para pessoas muito bem resolvidas de suas vidas e sexualidades. Quem não se incomodar e não quiser perder tempo na fila esperando os banheiros normativos ficarem livres, eis mais uma opção.
          É óbvio que as divisões de gêneros existem, porém como a categoria gêrero trata-se de um constructo social, mudanças são passíveis de acontecer. Esse banheiro, inicialmente para os bens resolvidos de si, talvez funcione como uma quebra dessa segregação de pessoas.
          Não se preocupe, se não quiser usar, use o convencional.
          Mas só um lembrete: Direitos Humanos são essenciais.
          Talvez por falta de alteridade, isso seja irrelevante para vc.
           E fique despreocupado que não acontecerá orgias, como os conservadores pensam.

  8. Antônio Lázaro Vieira Barbosa disse:

    Alípio, tô afastado faz um tempo do DEART, não estive no dia que aconteceu a confusão com Leilane, mas um adendo: já existe um banheiro unissex no primeiro andar do DEART muito antes de isso acontecer. Inicialmente, era um banheiro feminino (havia dois, com a reforma só fizeram um), mas por um tempo era o único com chuveiros – de modo que indivíduos do sexo masculino também começaram a freqüentar. Já houve outras queixas anteriores por causa disso, mas parece que só com o constrangimento que Leilane passou é que a discussão ganhou a visibilidade que deveria ter. Há naturalmente as questões de ordem prática (uma garota no Twitter reclamou da falta de higiene no banheiro de uma república masculina quando esteve lá), mas não atentei ao perigo de ostracização do banheiro unissex, pelo que agradeço por seus esclarecimentos. De qualquer jeito, é algo que ainda tem muito que ser debatido.

    Saudações verdes
    Lázaro

  9. Com todo respeito, mas acho desnecessária demandar atenção a uma situação dessa.

    Aliás, permitam-me, mas chega a ser ridículo promover um assunto desse.

    Como se não houvesse possibilidade alguma de maníacos sexuais ingressarem no vestibular para os cursos do DEART.

    Tantos problemas que estão transbordando no momento, daí aparece um cidadão focado em criar um banheiro unissex.

    Não achei nada razoável.

    • Victor-cruz3 disse:

      Por que não ser discutido? Tudo que infligir o espaço alheio deve ser discutido sim! há um grande problema envolvendo o assunto dos banheiros públicos! Negar e evitar discussões só leva ao atraso!

  10. paulo disse:

    ^^^  brinquedo de satanas ^^^^

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