Rio Grande do Norte, domingo, 28 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 15 de junho de 2012

Prometheus

Buscando respostas sobre a origem da humanidade, um grupo de cientistas parte numa missão a um planeta distante e, ao buscar a origem da vida, se depara com a possibilidade do seu próprio extermínio.

postado por Mario Rasec

Marcando a volta do diretor Ridley Scott ao universo de Alien – O 8º Passageiro (1979), filme que marcou o gênero ficção cientifica/horror no final dos anos 70, Prometheus desaponta naquilo que tanto prometeu (perdoem o trocadilho): ser o mais novo clássico da ficção cientifica no cinema. Entretanto, isto não o impede de ser um bom filme, embora muito abaixo das expectativas criadas desde seu anúncio oficial. Mas sua maior falha é facilmente identificada: faltou uma abordagem filosófica mais aprofundada. Afinal, isto era no mínimo o que sua premissa original exigia. Além de outros detalhes que impediram o filme de ser a redenção ao gênero e ao personagem (tão maltratado nos dois Aliens vs Predador (2004 – 2008)).

Apesar da sua interessante premissa, Prometheus deixa mais perguntas que respostas. Falha na promessa de ser um filme que questiona as origens da humanidade (mesmo que seja pela ótica dos “deuses astronautas” de Erich von Däniken). E tropeça igualmente no desenvolvimento da maioria dos seus personagens. Mas, apesar de tudo, o filme ainda tem seus méritos. Afinal, mesmo não estando em seu melhor momento desde Blade Runner (1982) e o próprio Alien, Ridley Scott ainda é um grande diretor. E algumas vezes durante a projeção ele prova isso.

Nas primeiras cenas do filme o diretor insiste em planos gerais que mostram a imensidão do espaço em contraste com a nave Prometheus. Embora ela seja uma nave imensa, ela não passa de um ponto luminoso que cruza com grande velocidade a vastidão do universo. E, ao adentrar a atmosfera do planeta (ou melhor, da lua), a nave é um pequeno objeto penetrando em nuvens colossais.

O filme é prefeito em sua direção de arte, não só pelas caracterizações da geologia e atmosfera daquele mundo extrassolar, mas por se harmonizar com a tecnologia mostrada nos filmes anteriores. Mostrando com isto que, embora os eventos de Prometheus se passem antes dos acontecimentos dos filmes da franquia Alien, sua tecnologia parece ser coerente com os filmes anteriores que, na cronologia do enredo, se passa anos depois. Por isso não há como não destacar o criador do design dos aliens, H. R. Giger. Há até um mural em uma das partes da nave extraterrestre, que, a meu ver, surge como uma espécie de homenagem ao artista, mostrando uma espécie de afresco no teto daquilo que parece ser uma capela alienígena.

Prometheus

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No entanto, embora se espelhe nos filmes anteriores, o roteiro peca na continuidade em relação ao filme de 1979, na forma como o “Space Jockey” foi encontrado. Além disso, tentando colocar a personagem de Noomi Rapace como uma nova Ripley, o filme não desenvolve satisfatoriamente a maioria dos personagens, fazendo de alguns obvias primeiras vítimas dos alienígenas, enquanto há ainda outros que são meros figurantes preparados para atuar numa única e derradeira cena. Mas, enquanto a interessante personagem de Charlize Theron é desperdiçada (apesar da frieza da personagem, há momentos que ela me fez lembrar a própria Ripley de Sigourney Weaver), o personagem de Michael Fassbender (o androide David) se destaca na sua excêntrica ambiguidade, se tornando a chave que, literalmente, abre as portas da trama. E, na pele da protagonista, Noomi Rapace dá conta do recado. Embora no início ela não pareça ter os atributos da personagem de Weaver nos filmes anteriores, seu personagem cresce bastante na determinação de tentar evitar uma tragédia maior.

Deixando estratégica e forçadamente uma pergunta importante para ser respondida numa possível sequencia, e por deixar outras tantas perguntas que são deixadas para os espectadores responderem sozinhos, sem ajuda do roteiro, Prometheus ainda é um bom filme. Mas que havia prometido muito, muito mais.

Ficha técnica:

Prometheus (EUA , 2012)

Direção: Ridley Scott

Roteiro: Jon Spaihts e Damon Lindelof

Elenco: Noomi Rapace, Michael Fassbender, Charlize Theron, Idris Elba, Guy Pearce, Logan Marshall-Green, Sean Harris, Rafe Spall, Kate Dickie, Benedict Wong, Emun Elliott, Patrick Wilson

Fonte das imagens: site oficial www.prometheus-movie.com e pagina oficial no facebook www.facebook.com/Prometheus

Mario Rasec

Designer gráfico, artista visual, ilustrador e roteirista de HQs. Autor de Os Black (quadrinho de humor) e de outras publicações.

4 Responses

  1. Bastou um comentário de Pablo Villaça pra diminuir minhas expectativas sobre o filme. O único comentário altamente elogioso sobre “Prometheus” que vi foi na “Wired”, e ainda assim foi só sobre o design, não sobre a trama.

    • Rjvilar disse:

      Concordo com o artigo de Mario R. Até o considero “generoso”, diante da decepção que senti ao ver o filme. Lamento tantas ideias interessantes que o cinema não explora de modo mais aprofundado. Infelizmente, me parece que significa que, mesmo grandes diretores, estão levando o aspecto comercial de seus filmes enquanto elemento prioridade. H.R.Giger “salvou” o filme. 

  2. felixmaranganha disse:

    Só o fato de ser de Ridley Scott já é suficiente para me fazer assisti-lo.

  3. Mario Rasec disse:

    Assisti Lawrence da Arábia hoje a tarde, e fiquei pensando numa frase (lembrado a relação do androide David  (na ótima atuação de Michael Fassbender) com o filme de 1962):
    “Grandes
    coisas têm pequenos começos.” (Frase do filme Lawrence da Arábia
    repetida em Prometheus). Será que essa era a intenção de Ridley Scott
    neste filme?… Afinal ele deixou muitas perguntas para serem respondidas numa sequencia. E essa busca forçada por uma nova franquia, foi o que mais estragou o filme no fim das contas.

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