Rio Grande do Norte, segunda-feira, 29 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 17 de outubro de 2012

Hermano Morais: Silas Malafaia agrega?

postado por Daniel Menezes

O pastor Silias Malafaia vem atuando fortemente nas eleições municipais. Está presente nas campanhas de José Serra, em SP; Ratinho Jr, em Curitiba; e visitará Natal, para declarar apoio a candidatura de Hermano Morais, que explora uma pauta  moral (aborto, família, religião, etc).

Fico com uma pulga atrás da orelha e construo a seguinte questão: até que ponto o dito líder religioso agrega do ponto de vista eleitoral?

Sim, ele possibilita um ganho eleitoral. Mas o negativo? Não conta?!  Não é pesado, considerado?

Natal tem cerca de 22% de evangélicos, que não necessariamente seguem tendência do Silas Malafaia. O segmento protestante não é monolítico. Tem várias tendências.

Ainda que ele exerça influência entre os evangélicos, o que acho que não é automático, e os demais 78% da população? Aceitam o uso da religião na política sem nenhum desconforto?!

Serra usou e abusou da pauta religiosa nas eleições presidenciais de 2010. Perdeu. Utiliza o mesmo argumento na disputa municipal de São Paulo, mas está mais de dez pontos atrás de Haddad. A própria imprensa paulista alega que o candidato do PSDB em SP se movimenta para afastar Malafaia de seu nome. A ficha caiu?

Como eleitor, tendo a reprovar o uso do Malafaia para fazer política. Como analista, acredito que não estou sozinho. O cidadão olha mais para os serviços municipais, para a cidade do que para questões religiosas. E, ainda que exista quem se comova com religião em tempos de eleição, o contrário me parece ser mais significativo.

O uso da religião na eleição cria uma antipatia por parte daqueles que não admitem a junção. É um atalho informacional para eleitores de centro e de esquerda, que vêem de modo “oportunista” tal apelo.

Vou arriscar um palpite: se o Silas Malafaia, que não é bobo e aproveita a disputa eleitoral para se legitimar enquanto liderança religiosa, continuar figurando nas campanhas, ajudará a eleger os opositores de Serra, Ratinho Jr e Hermano Morais. Só uma questão de tempo, ou de voto – laico.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

2 Responses

  1. Ewerton Alípio disse:

    Olá, Daniel, bons dias!

    Bem, Malafaia ficou ao lado de Lula em suas duas últimas
    campanhas presidenciais, além de ter sido membro do Conselho de
    Desenvolvimento Econômico e Social do seu governo. Nas atuais eleições
    municipais, o pastor promoveu Eduardo Paes (PMDB, ok?) e seu vice do PT. E se Serra usou e abusou da pauta moral nas eleições presidenciais de
    2010, o fez de modo oportunista, pois enquanto Ministro da Saúde assinou
    uma histórica Norma Técnica do Aborto em 9 de novembro de 1998. Demais, como
    governador do estado de São Paulo ele autorizou porco (no mínimo) material
    anti-“homofobia” que orienta o professor, por exemplo, a mostrar aos
    alunos imagens de “duas garotas de mãos dadas, dois garotos de mãos dadas, uma
    garota e um garoto se beijando no rosto, dois homens se abraçando depois que um
    deles faz um gol e duas garotas se beijando”. E a ampla divulgação daquele
    vídeo em que Dilma declara ser a favor do aborto
    (http://www.youtube.com/watch?v=DU6fYwtuQdI) não foi um dos fatores que concorreu para o segundo turno em 2010? E o maciçamente conservador eleitorado brasileiro (para o bem e para o mal) está alijado da sociedade? É certo que nossa sociedade plural não admite um estado confessional de orientação cristã, mas penso que esses renovados apelos ao laicismo nos meios intelectuais velam a sanha por calar essa parcela da população e o desejo de ateísmo oficial e até compulsório. Aliás, sou agnóstico e contrário ao aborto em praticamente todos os casos.

    Saudações cordiais,

    Ewerton Alípio

  2. Franklin disse:

    Nós evangélicos não acalentamos o sonho de transformar o Brasil em uma república evangélica. Lutamos apenas para manter firme nosso direito de expressar nossa opinião, tão ameaçada por leis absurdas que algumas minorias fazem lobby no congresso para tentar aprovar. Sindicalista, operário, abortista, homossexual, todos podem tentar influir nos destinos de nossa nação. Mas nós evangélicos não, devemos ficar calados como agentes passivos no processo democrático. Se liga meu irmão! a república não é integrada apenas pelos movimentos ditos “progressistas”.

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