Rio Grande do Norte, domingo, 28 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 25 de outubro de 2012

Simpatizantes do #Foramicarla (eleitores), não sorriam: estão tentando enganá-los

postado por Daniel Menezes

O movimento #ForaMicarla foi a materialização de todo o descontentamento da população natalense em relação ao caos gerado pelo desgoverno de Micarla de Sousa.

Ao tomar as ruas e encher a Câmara Municipal de Natal (a casa do povo) de estudantes, outro oponente também se desenhava.

Micarla gozava de maioria na CMN e tinha todo o apoio de sua base parlamentar municipal. O vereador Edivan Martins, do partido da prefeita, era o grande maestro verde dos parlamentares da borboleta. Quem não se lembra do acordo fechado pelo presidente da CMN, para tentar enganar os manifestantes, e depois descumprido, na maior cara dura?

Os vereadores, soldados de Micarla, com suas indicações e “trânsito livre” pelas secretarias, se esbaldaram na lama da gestão verde  (lodo).

Mas um dia aquele que abusa do poder encontra o chapéu da viagem. E o momento chegou. Foi nas eleições de 2012.  Muitos vereadores da prefeita não se reelegeram.

O aviso das urnas foi bastante claro: não aceitamos a prefeita nem muito menos os seus representantes na CMN. “Peguem o beco”, diria um aluno meu mais desbocado.

O caso mais emblemático foi o de Edivan Martins. Presidindo a instituição e com dezenas de indicações na administração municipal, o vereador, com uma campanha gozando de grande, digamos, “estrutura”, foi reprovado pelo eleitor. Ficou de fora da próxima legislatura municipal.

E é aí que vem a enrolação, no mínimo, antidemocrática. Ao invés de se resignar, refletir sobre seu (péssimo) mandato e buscar retornar em 2016, Edivan Martins, aliado ao PMDB de Henrique Alves, buscaram, no tapetão, reaver a vitória não conseguida, sobrepujar a vontade do cidadão natalense.

Entraram no TRE-RN contra a coligação de Raniere Barbosa e George Câmara para invalidar os mais de 27 mil votos, que os candidatos que compuseram esta coligação obtiveram legitimamente.

A tese era mais do que estapafúrdia. O famoso se colar, colou: a alegação era de que o PTdoB estava em duas coligações, na de Raniere e George e em outra também.

Ora, o erro era claro. Porém, não foi produzido pelos dois vereadores reeleitos. O próprio PTdoB produziu a confusão, “surfando” em duas coligações.

Além disso, Raniere Barbosa e George Câmara não dependeram da estrutura, dos votos, de nada do PTdoB para se reelegerem.

Porém, em que pese todo o contexto descrito, o TRE-RN, em tempo recorde, entendeu que deveria anular todos os votos da coligação que obteve duas cadeiras na CMN, deseleger Raniere Barbosa e George Câmara e empurrar para dentro de qualquer jeito Edivan Martins.

Caros eleitores, isto é golpe. Não há outra denominação. Edivan Martins perdeu nas urnas. Além do mais, Raniere e George se elegeram de modo democrático e não se beneficiaram com o erro que não foi produzido por eles, mas pelo PTdoB.

Que punam o partideco, criador da lambança, e não os mais de 27 mil cidadãos que elegeram dois representantes para a Câmara Municipal do Natal.

Este absurdo é uma afronta a democracia do RN e a todos que lutaram contra a péssima gestão de Micarla de Sousa e seus vereadores de plantão. Enquanto nós reprovamos a administração Micarla de Sousa e seus apoiadores na Câmara, forças ocultas trabalham para nos empurrar Edivan Martins goela abaixo.

Todo e qualquer cidadão do Rio Grande do Norte, que tem o mínimo de zelo pela democracia, conseguida a duras penas no Brasil, não pode aceitar mais essa injustiça se concretizar.

FORÇAS OCULTAS

Edivan Martins era cotado para se reeleger, com o apoio da oposição a Carlos Eduardo, favorito para assumir a prefeitura a partir de 2013, presidente da Câmara Municipal do Natal. A ideia era dificultar, ao máximo, a gestão de Carlos Eduardo, impedindo até aprovação de nome de rua.

O PMDB de Hermano Morais, Henrique Alves e Garibaldi Alves estão por trás da jogada, tanto é que entraram com a ação no TRE-RN.

Edivan Martins ainda seria o representante do PMDB no Partido Verde. Com a saída de Micarla, era o nome de Henrique para assumir o PV e disponibilizar toda a estrutura para os Alves em 2014, eleição em que Henrique Alves quer senador e Garibaldi governador.

Só esqueceram de combinar com quem mais importa, o eleitor.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

2 Responses

  1. Lucas disse:

    Daniel, levando em consideração os fatos acontecidos ultimamente no TJ do RN, nada me surpreenderá se daqui a alguns anos escandalo de venda de liminares for descoberto nessa caixa preta do TRE, ainda mais com Henrique nessa lambança toda. Henrique fara qualquer travessura que for necessaria para se tornar senador, fiquemos espertos para isso.

  2. Juninho disse:

    O mandato não é do político. É do partido. Partido vacilou? Dá margem pra isso. Isso foi decidido pela Reforma política em 2011. Fidelidade partidária. Decidida pelo governo PTralha. =)

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