Rio Grande do Norte, segunda-feira, 29 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 12 de fevereiro de 2015

Meu sonho de ser jogador de futebol

postado por Rafael Morais
Foto: Autor desconhecido

Foto: Autor desconhecido

Eu entrei no futebol quase que por acaso. Quando garoto, batia minhas peladas no campo de terra batida da escola do bairro pobre onde nasci e fui criado. Divertia-me muito. No time da escola eu era o camisa 10. Os amigos sempre pelejavam para me ter na linha deles. Evidente que eu tinha aquele sonho que todo jovem tem, de ser jogador de futebol, ser reconhecido, ganhar dinheiro. Mas eu nunca idealizei que iria conseguir. Nunca, até que um dia um sujeito moreno, de fala enrolada e uma das pernas tortas, viu-me jogar e fez-me um convite para treinar num time grande da cidade. Naquele dia vencemos por seis a zero. Eu fiz seis gols.

No novo time, comecei a jogar avançado. No juvenil, o treinador queria que eu me adaptasse jogando de atacante. Mas eu sabia que meu lugar era mais atrás. Fui recuado para o meio e acabei assumindo a camisa 8 quando finalmente fiz minha estreia no time principal. Não demorou muito, ganhei meu primeiro título. Campeão Estadual com direito a um chocolate em cima do maior rival. Meu sonho de ser jogador estava se realizando.

Os anos foram se passando, conquistei a titularidade e o torcedor já me reconhecia nas ruas. Dei até autógrafo, quem diria. Muito bom para quem mal sabia escrever. Tive a ajuda de um cunhado pra aprender a escrever meu apelido famoso. Eu estava muito feliz, mas eu queria ainda mais. Estava crescendo. Eu sentia na pele meu sonho se realizando. Comprei uma casinha no bairro e não faltavam comida e bebida na mesa. Meu sonho de ser jogador estava quase realizado.

E a minha carreira não parava de crescer. Na segunda temporada de profissional, tive a felicidade de jogar contra os melhores jogadores e times do Brasil. Conheci cidades e pessoas que só via pela televisão. Eu nunca pensei que iria chegar tão longe. Mas Deus foi muito bom comigo. Ele me presenteou com o dom da bola. No ano seguinte, fiz o gol do título mais importante da história do clube. Meu nome estava definitivamente assinado na memória dos torcedores. Eu estava flutuando nas nuvens. Meu sonho de ser jogador estava realizado.

Que alegria! O futebol era a minha vida. Acho que se eu morresse e tivesse outra chance de vir ao mundo, seria jogador novamente. Nunca pensei em exercer outra atividade – na verdade nunca aprendi, desisti dos estudos – até porque o futebol dava-me tudo que eu precisava pra viver bem. Eu era um ídolo.

Mas os anos foram se passando e a idade chegando. Meu preparo físico não era mais o de antes. Depois de rodar o país em alguns clubes conhecidos e outros nem tanto, voltei pra casa. Decidi pendurar as chuteiras. Eu não precisava mais. Já estava com a vida feita. Nos primeiros anos eu vivi bem e com folgas. Aproveitei cada centavo conquistado com meu suor. Usei e abusei. Eu tinha um carro do ano, uma mulher bonita e muitos amigos. Minha vida seguia um roteiro de filme americano.

Mas todo filme tem sua cena final. Com o tempo, percebi que meus amigos estavam ausentes. Tudo que eu ostentava estava se transformando apenas em histórias do passado. Eu estava desempregado e não recebia mais aquele salário gordo no fim do mês. Não havia mais a torcida na arquibancada gritando meu nome. Eu não era mais o melhor camisa 8 da cidade. As lembranças dos gols que fiz eram agora como um orgasmo com uma mulher da vida, que no final do ato te deixa sozinho e pula no colo de outro craque no salão. Acho que acordei tarde daquele sonho de criança. Aquele sonho de ser jogador. Mas o que importa mesmo é que eu acordei pra vida. Não uso mais o apelido que me consagrou nos gramados, mas tenho meu nome civil no crachá. Eu, aquele camisa 8 que marcou o gol mais importante da história do time da cidade, agora sou o porteiro da escola do bairro onde dei meus primeiros chutes na bola.

Rafael Morais

Comunicador Social pela UFRN. Experiência em assessoria de imprensa esportiva e atuação em televisão. Áreas de interesse: literatura e esportes em geral, com ênfase no futebol como a "teatrialização das relações humanas".

5 Responses

  1. matheus disse:

    eu quero ser jogador de futebol profissional palavra de rei carioca.brasileirão carioca flamengo.meu time de coração mengão.

  2. matheus disse:

    EU QUERO ACHO QUE É MUITO LEGAL E IMPORTANTE PARA MIM EU SOU ALUCINADO PELO FUTEBOL AMO DO PEITO

  3. Eu e meu irmao tem um sonho de ser jogador de futebol mas nos nao tem opotunidade por que nos mora na zona rural eu e meu irmao nois gemeos meu pai trabalha duro para conseguir realiza o nossos sonho ele passa a noite trabalhando para que nois consigar dinheiro para ir para sao paulo para ver se nois tem opotunidade minha mae uma mulher baltanhadora trabalhar duro ele reza para nois conseguir realiza nosso sonho tem vez que ter chora e eu e meu irmao nois chora trabalhar para ajuda meu pai e minha mae e nois ja ganhou bastate medalhar nois campeonato na escola nois sao uns dos melhores na escola nois passa por dificuldades mas eu tenho fe em deus que possa nois ajuda ajuda nois por favor!!!!!

  4. numero de celula 77 988771729

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